Encontro era aguardado por militares, mas não apareceu na agenda do presidente do TSE
CNN – No mesmo dia em que foi aventada a ideia de as Forças Armadas fazerem uma espécie de checagem paralela da apuração dos votos no pleito de outubro, foi cancelada uma reunião que estava prevista para esta terça-feira (13) entre o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. A CNN apurou que não há uma nova data para o encontro.
Como mostrou a CNN no fim de semana, o encontro teria como pauta a proposta dos militares de realizar o teste de integridade nas urnas eletrônicas com biometria de eleitores. O objetivo era tentar avançar em relação a uma eventual implantação da medida nas eleições deste ano.
Na última conversa entre os dois, em 31 de agosto, ficou acertada a possibilidade de as áreas técnicas da Corte eleitoral e das Forças Armadas apresentarem, em conjunto, um projeto-piloto para atender a demanda dos militares.
Segundo relatos feitos à CNN, a confirmação da reunião na agenda do TSE estava sendo aguardada pelo Ministério da Defesa durante a tarde desta segunda-feira (12). De forma reservada, integrantes da pasta admitiram que a informação de que os militares planejam fazer uma “checagem paralela da votação” foi mal-recebida pela cúpula da Corte eleitoral.
Os sinais do TSE vieram logo pela manhã. O tribunal divulgou uma nota para negar “qualquer acordo com as Forças Armadas” para “permitir acesso diferenciado em tempo real aos dados enviados para a totalização do pleito eleitoral pelos TREs, cuja realização é competência constitucional da Justiça Eleitoral”.
Na nota, a Corte eleitoral reafirmou que contagem de votos, a partir da somatória dos boletins de urnas, é realizada “há várias eleições” e, “para o pleito deste ano, foi implementada a novidade de publicação dos boletins de urnas pela rede mundial de computadores, após o encerramento da votação para acesso amplo e irrestrito de todas as entidades fiscalizadoras e do público em geral”.
“Independentemente dessa possibilidade, como ocorre há diversas eleições, qualquer interessado poderá ir às seções eleitorais e somar livremente os BUs de uma, de dez, de trezentas ou de todas as urnas”, disse o TSE.
Na manhã desta segunda-feira (12), a CNN confirmou informação revelada pelo jornal “Folha de S.Paulo” de que as Forças Armadas pretendiam realizar uma “checagem paralela” dos votos por amostragem, em pelo menos 385 boletins de urnas. A ideia seria coletar os dados em seções eleitorais do país e comparar com os dados informados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).
À noite, o Ministério da Defesa também divulgou nota para afirmar que “as Forças Armadas não solicitaram qualquer permissão de acesso diferenciado em tempo real aos dados enviados para a totalização do pleito eleitoral pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE), cuja realização é competência constitucional da Justiça Eleitoral”.
A nota destaca que as Forças Armadas têm atuado como uma das entidades fiscalizadoras do processo eleitoral e que “não demandam exclusividade e tampouco protagonismo em nenhuma etapa ou procedimento da fiscalização do sistema eletrônico de votação e permanecerão pautando a sua atuação pela estrita observância da legalidade, pela realização de um trabalho técnico e pela colaboração com o TSE”.