Em discurso na Associação Comercial de São Paulo, presidente da Câmara deixou claro que o governo ainda não tem força no Congresso para conseguir aprovar reformas como da previdência e a tributária
O recado dado por Arthur Lira (PP) à administração Lula parece ter dado resultados. Após o presidente da Câmara dos Deputados afirmar, para empresários, que o governo não teria condições de aprovar reformas nem na Câmara e nem no Senado, o presidente Lula (PT) se reuniu com Lira na última semana.
Marcado em cima da hora, fora da agenda das autoridades, o jantar que marcou o encontro dos dois aconteceu na casa de Paulo Pimenta (Secom), em Brasília.
Na Associação Comercial de São Paulo, o parlamentar afirmou que o governo não tem força política, ainda, para aprovar reformas que precisem de, até mesmo, maioria simples, afirmando que a base aliada é pequena. Arthur Lira também criticou a maneira com que Lula vem tratando sobre a independência do Banco Central e a elaboração das taxas de juros no país, que se encontram no patamar de 13%.
“Temos um governo que foi eleito com margem de votos mínima e que precisa entender que temos Banco Central independente, agências reguladoras, Lei das Estatais e um Congresso com atribuições mais amplas”, afirmou Lira.
O governo, porém, não vê desta maneira. Um exemplo é a Reforma Tributária. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o Palácio do Planalto quer sua votação para abril. Com a fala de Lira, é difícil de se imaginar que qualquer reforma dessa magnitude possa ser aprovada em tão curto espaço de tempo em uma Casa tão dividida como está o Congresso Nacional.
Para se ter noção das diferenças de pensamento entre governo e Congresso, Lira criou um grupo de trabalho na área tributária com a previsão de fechar um novo texto somente no dia 16 de maio, um mês após o governo federal querer votar o texto atual. Ainda assim, o parlamentar quer que o texto primeiro seja votado em uma comissão especial e que poderá ser revisitado por deputados para se extrair as melhores propostas.
“Vamos perseguir a reforma possível na matéria tributária. A gente vai ter de caminhar devagarinho. Ninguém vai chegar na reforma ideal”, afirmou Lira, que não descartou que o Congresso trate também da questão da desoneração da folha de pagamentos.
Ao que parece, o governo pode até tentar passar para o público geral de que tem sob controle a Câmara e o Senado, porém ainda precisará correr muito atrás de apoio, principalmente de partidos de oposição, mas que estão abertos ao diálogo, para aprovar, ainda neste mandato de Lula, suas principais promessas de campanha.