Para presidente da Câmara, questionamento às urnas ‘não faz bem’ e há diferença ‘entre querer transparência e querer contestação’
G1 – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quinta-feira (18) que considera um erro os ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral do país. Ele afirmou que o questionamento ao processo eleitoral “não faz bem” ao Brasil e ao próprio presidente da República.
Lira deu a declaração durante participação em um evento em São Paulo, promovido pelo banco BTG Pactual. Ele comentava sobre a cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – que foi prestigiada por um grande número de autoridades – quando foi indagado sobre a postura de Bolsonaro em relação às urnas.
O presidente da República tem feito ataques reiterados ao sistema eletrônico de votação, que começou a ser usado pelo Brasil em 1996. Recentemente, Bolsonaro convocou uma reunião com embaixadores e representantes diplomáticos de outros países, no Palácio da Alvorada, para repetir sem provas suspeitas já esclarecidas sobre urnas.
“O senhor acha que o presidente erra quando ataca as urnas, quando duvida das urnas?”, perguntou a entrevistadora.
“Acho [que é um erro]. Já disse pessoalmente, já disse a ele, já pedi, já falei, nós já votamos no Congresso essa questão [do voto impresso]”, respondeu o presidente da Câmara.
Lira se referiu à votação na Câmara que rejeitou e enviou para o arquivo uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), defendida por Bolsonaro, que previa o voto impresso nas eleições, plebiscitos e referendos.
Urnas não são ‘o assunto principal’ do país
Lira é apoiador de Bolsonaro e integrante do PP, partido que compõe a base governista. Ele afirmou também que o questionamento às urnas “não é o assunto principal do Brasil”.
“Nós precisamos ter passividade nesse assunto. Esse não é o assunto principal do Brasil, esse assunto não faz bem ao Brasil, não faz bem ao presidente Bolsonaro, não faz bem à Justiça Eleitoral, então todos têm que se conter”, disse.
Ainda sobre o tema, o parlamentar alagoano acrescentou que “há uma diferença entre querer transparência e querer contestação”.
O presidente da Câmara afirmou ainda que é necessário “respeitar o resultado das urnas” e que os eleitos pelo sistema eletrônico vão tomar posse em 2023.
“Eu não canso de dizer, digo em todo o canto, dentro e fora do Brasil, nós precisamos de eleições transparentes, sim, sem dúvidas, sim, mas o resultado das urnas eletrônicas é reconhecido. Eu disputei oito eleições, seis em urnas eletrônicas, eu não teria nenhuma condição de falar mal do sistema. Então, nós vamos para uma eleição, respeitar o resultado democraticamente. Quem ganhar, tomará posse”, disse Lira.
Pesquisas
Lira, candidato a um novo mandato como deputado, afirmou que, como parlamentar, apoia o Bolsonaro nas eleições.
Questionado sobre as pesquisas eleitorais, que apontam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na frente do presidente Bolsonaro na corrida ao Palácio do Planalto, o parlamentar disse acreditar que, com o início da propaganda eleitoral na próxima semana, deve haver mudanças nos resultados dos levantamentos.
“No mundo da política, as nuvens são muito rápidas, passageiras. Muda demais o cenário. Então, a gente tem que estar atento às inovações e mudanças que vão acontecer. Ou a continuidade, ou a mudança, elas terão que ser ajustadas à uma realidade institucional muito forte no Brasil”, declarou.