Projeções da Microsoft aumentaram receios sobre recessão global, com reflexos em Petrobras e Vale
Folha de São Paulo – Bolsa e dólar abriram em queda nesta quarta-feira (25) refletindo as perspectivas para a economia global, depois que a Microsoft projetou desaceleração em suas receitas para este ano, o que levanta preocupações sobre o desempenho da economia dos Estados Unidos, e dúvidas sobre o ritmo da recuperação da China.
Às 11h10 (horário de Brasilia), o Ibovespa operava em baixa de 0,50%, a 112.458 pontos. O dólar comercial à vista também caía 0,40%, a R$ 5,121, no terceiro dia seguido de queda frente ao real, com o aumento do fluxo de recursos estrangeiros chegando ao Brasil. Mesmo com feriado municipal em São Paulo, os negócios na B3 ocorrem normalmente nesta quarta-feira.
Os juros também apresentam tendência de queda, com a agenda econômica esvaziada. Os contratos para 2024 saem de 13,53% no fechamento desta terça-feira (24) para 13,49% às 11h10. Para 2025, a taxa recuava de 12,74% para 12,67%. No vencimento em 2027, os juros caíam de 12,80% para 12,68%.
Nesta terça-feira, a Bolsa fechou em alta, com um movimento de ajuste depois das seguidas quedas de ações de banco e varejistas, explica a equipe de análise da Guide Investimentos.
“Para o restante da sessão, há poucos fatores de influência para os preços no campo econômico, estando o foco dos investidores na temporada de balanços corporativos”, explica a Guide. Após o fechamento do mercado nos Estados Unidos, serão divulgados os números de Tesla e IBM.
Ao divulgar o seu balanço nesta terça-feira (24), a Microsoft projetou que o crescimento de suas receitas na área de nuvem para empresas vai desacelerar neste ano, além de alertar para uma possível queda nas vendas de softwares.
Segundo analistas, estes alertas feitos pela gigante de tecnologia aumentaram os temores de uma recessão na economia dos Estados Unidos, com reflexos nas ações brasileiras, especialmente das produtoras de materiais básicos, como Petrobras e Vale, por conta da perspectiva de diminuição da demanda por petróleo e minério de ferro.
As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras recuavam 1,12% e 0,86%, respectivamente, enquanto a ordinária da Vale recuava 0,14%.
Os bancos também estavam em queda, depois que a Americanas apresentou a lista de credores à Justiça, no âmbito de sua recuperação judicial, com detalhes sobre as dívidas com cada banco.
As ações ordinárias do Bradesco caíam 1,05%, e as ordinárias recuavam 0,79%. As preferenciais do Itaú Unibanco tinham queda de 1,21%, enquanto as Units de Santander Brasil e BTG Pactual caíam 0,97% e 2,22%, respectivamente. A ação ordinária da Americanas subia 6,25%, cotada a R$ 0,85.
Sobre o dólar, agentes financeiros vêm mencionando nas últimas semanas a entrada de recursos estrangeiros no Brasil, atribuindo o movimento especialmente à expectativa que o final de ciclo de alta dos juros nos Estados Unidos esteja próximo.
O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, se reúne semana que vem e a aposta majoritária no mercado é de nova redução no ritmo de aperto monetário pelo banco central norte-americano.
Apesar dos juros historicamente altos para os padrões americanos, atualmente no intervalo entre 4,25% e 4,50%, os ativos brasileiros continuam atrativos para os estrangeiros, à medida que a Selic está em 13,75% ao ano.