Atos ocorreram na noite de segunda-feira (12); grupo também tentou invadir a sede da PF, no Distrito Federal. Nesta terça, transporte público teve atrasos e Esplanada dos Ministérios e Praça dos Três poderes amanheceram fechadas.
G1 – O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal afirma que três carros e cinco ônibus foram queimados durante os atos de vandalismo deflagrados por bolsonaristas no centro de Brasília, na noite desta segunda-feira (12).
Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, desse total, quatro ônibus e um carro foram totalmente queimados e o restante, parcialmente. Além disso, uma pessoa de 67 anos precisou de atendimento médico após inalar gás lacrimogêneo.
Ao g1, a Polícia Federal informou que não há novas informações sobre o ato. A Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) também informou se ocorreram prisões na noite desta segunda-feira.
Brasília amanhece com ônibus atrasados e Esplanada fechada
Os bolsonaristas tentaram invadir o prédio da Polícia Federal e quebraram vidros da 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte. Policiais militares entraram em confronto com o grupo, que colocou botijões de gás em vias próximas ao local. Segundo o Corpo de Bombeiros afirmaram que eles estavam vazios.
Na manhã desta terça-feira (13), a Esplanada dos Ministérios amanheceu fechada para o trânsito de veículos. Também há bloqueios na Praça dos Três Poderes e nas proximidades do Setor Hoteleiro Norte e da sede da Polícia Federal.
Por medida de segurança, após quatro veículos serem incendiados, os ônibus tiveram atraso de cerca de uma hora para sair das garagens nesta manhã, afirmaram as empresas Marechal, São José e Pioneira. Usuários enfrentam paradas lotadas e demora na nas primeiras horas do dia.
O que aconteceu e o que disseram as autoridades
- Os atos de vandalismo começaram na frente da Polícia Federal, na Asa Norte, por volta de 19h30, após o cumprimento de um mandado de prisão temporária contra o indígena José Acácio Tserere Xavante, apoiador de Jair Bolsonaro;
- A prisão do indígena aconteceu por determinação do STF e atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República;
- A PGR e o STF afirmam que o Tserere é investigado por participar de atos antidemocráticos e reunir pessoas para cometer crimes; a PF diz que o preso está acompanhado de advogados e que as formalidades relativas à prisão “estão sendo adotadas nos termos da lei”.
- Após a prisão de Tserere, um grupo de radicais tentou invadir um prédio da PF e incendiou carros;
- Parte do grupo seguiu pela Asa Norte, onde realizou novos atos de vandalismo. Pelo menos um ônibus foi incendiado; botijões de gás foram espalhados em ruas da cidade;
- A Polícia Militar foi chamada e reagiu com bombas de gás e balas de borracha. Houve confronto com os radicais;
- A Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que precisou restringir o trânsito na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e em outras vias da região central;
- O secretário de Segurança, Júlio Danilo Souza Ferreira, afirmou que os participantes dos atos de vandalismo serão responsabilizados: “A partir de agora , temos imagens, filmagens, temos como identificar”. Ele não soube dizer se houver prisões.
- A região do hotel onde o presidente eleito, Lula, está hospedado teve a vigilância reforçada por equipes da PM.
- O governador Ibaneis Rocha (MDB) disse: “Por enquanto estamos agindo com as forças policiais. Todas as nossas forças policiais (…) estão nas ruas”.
- Ao blog da Andréia Sadi, o senador Flávio Dino (PSB-MA), futuro ministro da Justiça, afirmou que o “governo federal segue omisso diante dessa situação grave absurda”.
- Às 23h08, mais de duas horas depois do início dos atos, o ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, escreveu em uma rede social que o Ministério da Justiça, por meio da Polícia Federal, “manteve estreito contato” com a Secretaria de Segurança do DF e com o governo do DF “a fim de conter a violência e restabelecer a ordem”. Ele disse que “tudo será apurado e esclarecido” e que a situação está se normalizando”.
- O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou de “absurdos” os atos de vandalismo, “feitos por uma minoria raivosa”. Veja a repercussão política.
Outros episódios de violência em atos bolsonaristas desde às eleições
Outros casos recentes mostram a escalada da violência dos atos antidemocráticos em diversos pontos do país.
- Tocantins
Agentes da Polícia Civil foram hostilizados por bolsonaristas acampados em frente ao 22º Batalhão de Infantaria do Exército, em Palmas, ao averiguar a presença de crianças e adolescentes no local.
- Rondônia
A tubulação de bairros da cidade de Ariquemes foi arrebentada por supostos manifestantes, e a população ficou sem água tratada. Além disso, uma mulher contou em um vídeo não ter chegado a tempo de ver a mãe doente ainda com vida por ter sido barrada em um bloqueio ilegal.
- São Paulo
Dois trechos da Rodovia Anhanguera, em Campinas, foram bloqueados por bolsonaristas que danificaram caminhões em um ato no dia 23 de novembro. Além disso, um servidor do IBGE foi espancado por bolsonaristas em Amparo ao tentar fugir de protesto.
- Paraíba
Uma mulher foi agredida por bolsonaristas e presa pela PM por embriaguez, mesmo sem fazer teste.
- Mato Grosso
Um pai implorou para que bolsonaristas o deixassem passar com o filho, que faria uma cirurgia, e disse que o grupo usava facões. Em outro caso, um grupo de estudantes foi impedido de passar de ônibus e caminhou mais de 5 km para fazer o Enem.
Ainda no estado, dois suspeitos foram presos por atos análogos a terrorismo e por porte ilegal de armas ao tentar incendiar caminhão em Sinop. Um homem também foi agredido por participantes de um bloqueio.
- Pará
No Pará, a Polícia Federal prendeu seis suspeitos de atos golpistas e ataque à Polícia Rodoviária Federal.
- Santa Catarina
A Polícia Rodoviária Federal apreendeu bombas, miguelitos e comparou bolsonaristas a black blocs. Em outro caso, um vídeo mostra um grupo de bolsonaristas agredindo uma mulher após derrota nas urnas. Ainda em SC, policiais rodoviários levaram golpes de barras de ferro em um bloqueio bolsonarista.
- Paraná
Um caminhoneiro foi agredido ao tentar furar um bloqueio em rodovia.
- Acre
Rio Branco enfrentou redução da frota de ônibus por causa do desabastecimento de combustível, além de sofrer com falta de cimento e alimentos perecíveis por conta de bloqueios em Rondônia.