Presidente trocou comando da estatal após reclamar seguidas vezes da política de preços da empresa. Em entrevista, Bolsonaro se queixou de ser cobrado sobre aumento dos combustíveis: ‘Não apito nada’.
G1 – O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (11) que tirou Joaquim Silva e Luna do comando da Petrobras porque a estatal precisava de um gestor “mais profissional”.
Bolsonaro deu a declaração em uma entrevista a um podcast. Silva e Luna, general da reserva do Exército, caiu após ser alvo de repetidas reclamações de Bolsonaro sobre a política de preços da empresa.
Por regra, a Petrobras repassa aos consumidores as oscilações do mercado internacional de combustíveis. Nos últimos meses, a estatal aumentou o preço da gasolina e do diesel seguidas vezes, acompanhando a tendência de alta do petróleo no mundo todo.
Em ano eleitoral, Bolsonaro teme o efeito da inflação de combustíveis em sua popularidade. Na entrevista desta segunda, ele disse que a Petrobras deveria aprimorar o marketing interno para se comunicar com a população.
“Eu acho que a gente precisava de… Um dos motivos principais é alguém mais profissional lá dentro para poder dar transparência. A Petrobras não usa seu marketing, ela não fala”, afirmou o presidente.
Foi o próprio governo Bolsonaro que escolheu Silva e Luna para a Petrobras, em 2021. À época, o general da reserva era chefe do lado brasileiro da hidrelétrica Itaipu Binacional. Antes, foi ministro da Defesa do governo do ex-presidente Michel Temer.
Bolsonaro voltou a reclamar que a cobrança sobre o aumento dos combustíveis recaia sobre ele. O presidente alegou que “não apita nada” nessa área.
“O que eu falei para vocês aqui, era para a Petrobras estar falando. Fica no meu colo. Tudo cai no meu colo na questão da Petrobras. Eu não apito nada e cai no meu colo”, argumentou.
Demissão de ministros
Questionado sobre o que faria diferente em seu governo, iniciado em 2019, Bolsonaro declarou que não teria “demitido tantos ministros”.
“Eu não teria demitido tantos ministros. Eu demiti bastantes ministros […] Eu acho que escolhi bem grande parte dos ministros. Faltou tempo para escolher melhor alguns outros e acabou algum dando problemas”, disse o presidente.
Bolsonaro realizou 38 trocas de ministros em três anos e três meses de governo. As últimas 10 trocas ocorreram no final de março, com a saída dos ministros que são pré-candidatos nas eleições de outubro deste ano.
O presidente ainda declarou que “a princípio” o ministro da Economia, Paulo Guedes, permanece em um eventual novo governo.
“Tem que ver se ele quer continuar também como qualquer outro ministro. A princípio ele continua sem problema nenhum”, declarou o presidente.
Orçamento secreto
Bolsonaro afirmou na entrevista que o orçamento secreto ajuda a “acalmar” deputados e senadores, responsáveis por indicar como esse dinheiro público será aplicado. Orçamento secreto é como ficaram conhecidas as emendas de relator, verbas públicas que fazem parte do Orçamento da União e que podem ser aplicadas em obras e investimentos apontados por deputados e senadores.
Esse tipo de emenda tem regras menos definidas e fiscalização mais difícil do que outros. Por isso, é alvo de críticas e, segundo especialistas, é mais suscetível à corrupção.
“É outra parte de emenda [que] ajuda a acalmar o parlamento. O que eles querem no final das contas é mandar recursos para sua cidade. Não tenho nada a ver com isso”, disse o presidente.