Relíquia foi transportada de Portugal ao Brasil e fará parte das comemorações dos 200 anos da independência brasileira
Na última terça (23), o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu o coração de Dom Pedro I, em uma cerimônia realizada no Palácio do Planalto. O órgão, que chegou ao Brasil na última segunda (22), faz parte das comemorações dos 200 anos da independência do país.
A Esquadrilha da Fumaça também se apresentou em frente ao Palácio e escreveram no céu a frase “Independência 200 anos”.
A relíquia teve todas as honrarias concedidas aos chefes de estado brasileiros. Chegou ao Palácio no Rolls Royce presidencial. Foi recebido na rampa do Planalto por Bolsonaro e pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Também estiveram presentes o chanceler, Carlos Alberto França, e o embaixador português, Luís Filipe Faro Ramos. Entre os presentes também estava Bertrand de Orléans e Bragança, descendente da família imperial brasileira.
Antes da execução do hino nacional brasileiro, houve tiro de canhões. O presidente ainda convidou estudantes do colégio militar Dom Pedro I e de uma escola pública de Ceilândia — presentes no evento — para acompanhar os protocolos da cerimônia.
Antes de deixar o evento, Bolsonaro fez um breve discurso, no qual exaltou a relação entre Brasil e Portugal.
“Dois países unidos pela História, ligados pelo coração. 200 anos de independência. Pela frente, uma eternidade em liberdade. Deus, pátria, família. Viva Portugal e viva o Brasil”, disse.
Após a cerimônia desta terça, no Planalto, o órgão foi encaminhado para exposição no Palácio do Itamaraty, onde ficará entre 25 de agosto até 8 de setembro, quando retornará a Portugal.
O coração
Conservado em formol há mais de 180 anos, esta é a primeira vez que o coração do imperador deixa Portugal. Após o desembarque, o artefato foi recebido na base aérea com honras de chefe de Estado.
A relíquia foi transportada da cidade do Porto até a capital federal na cabine de passageiros de uma aeronave VC-99, do Grupo de Transporte Especial (GTE). O voo foi escoltado por dois caças F-5 da FAB.
Margens do Ipiranga
A ossada de dom Pedro I esteve no Brasil pela última vez em 1972, para comemoração dos 150 anos da Independência. Na época, os ossos do imperador foram levados até o local onde ele teria proclamado liberdade em relação a Portugal nas margens do Rio Ipiranga, em São Paulo.
O coração de Dom Pedro está guardado em um recipiente de vidro na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, no Porto, desde 1837. A cada 10 anos, é trocado um líquido, com base em formol, que o mantém preservado.
Havia, por parte de autoridades portuguesas, resistências ao envio do coração do primeiro imperador brasileiro. Elas consideravam a operação de transporte arriscada, mesmo que fosse temporário o período de permanência do órgão no Brasil. O receio de setores contrários justifica-se diante da delicadeza exigida na execução do translado.
A Polícia Federal e as Forças Armadas serão as responsáveis pela segurança do coração no país. O governo federal não informou qual foi o custo total da operação.
7 de Setembro
Entre os dias 6 e 10 de setembro, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, virá ao Brasil comemorar os 200 anos da Independência, atendendo ao convite do presidente Bolsonaro a líderes de países de língua portuguesa.
Os desfiles militares no dia 7 de setembro voltarão à Esplanada dos Ministérios após dois anos de hiato por causa do agravamento da pandemia. São esperados pelo menos 4,5 mil militares, número similar aos anos anteriores.