No programa 4 por 4, presidente da República insistiu que não havia indícios mínimos de corrupção por parte do ex-ministro da Educação
Metrópoles – O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu o ex-ministro Milton Ribeiro, preso durante a operação Acesso Pago, da Polícia Federal. Segundo ele, não havia “indícios mínimos de corrupção por parte” de Ribeiro. Em relatório enviado ao Ministério Público Federal (MPF), a PF diz que o ex-titular do MEC e os pastores evangélicos atuavam como “organização criminosa” na pasta.
“Quem começou essa investigação foi a Controladoria-geral da União a pedido do próprio Milton”, afirmou Bolsonaro durante entrevista do programa 4 por 4 no YouTube. O Ministério Público foi contra a prisão do Milton. Não tinha indícios mínimos de corrupção por parte dele. No meu entender, ele foi preso injustamente”, completou o presidente.
A tese da organização criminosa é corroborada pelo próprio MPF. “As provas carreadas aos autos demonstram a articulação da ORCRIM para utilizar verbas públicas em contrapartida a benefícios próprios”, escreveu a procuradora Carolina Martins Miranda de Oliveira em seu parecer sobre o caso.
Na entrevista, Bolsonaro também falou sobre a suposta interferência dele na PF, uma vez que há gravação de telefonema entre Ribeiro e a filha em que o ex-ministro fala de um pressentimento do presidente sobre a operação de busca e apreensão.
Anteriormente, o mandatário, em entrevista à rádio Itatiaia, não havia defendido com tanta veemência o ex-ministro. “Ele responda pelos atos dele. Eu peço a Deus que não tenha problema nenhum, mas se tem algum problema, a PF está agindo, está investigando. É um sinal que eu não interfiro na PF”, afirmou no último dia 22.
Interferência na PF
Segundo o mandatário, desde abril de 2020 há um inquérito sobre o assunto aberto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O processo contra o presidente foi aberto após denúncia do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Ele acusou Bolsonaro de interferir na PF. Mas a própria corporação chegou à conclusão que não houve a interferência.
Bolsonaro diz ter sido comprovado que o dinheiro depositado na conta da filha de Ribeiro foi resultado da venda de um carro. “Eu, quando assumi a Presidência, eu tinha três carros e vendi todos eles e chegou na minha conta R$ 30, R$ 40, R$ 50 mil”, exemplificou.
“É uma movimentação atípica: qualquer depósito acima de R$ 10 mil é atípico, mas não justificava o que fizeram com o Milton”, continuou o presidente.
Para ele, o objetivo é criar narrativas para desgastar o governo, mas não detalhou de quem viria essas narrativas. “O objetivo é constranger, humilhar, é dizer que o governo é corrupto, que é igual ao do Lula”, disse.
“O que eu sei até o momento: nenhum ministro meu errou, até porque temos mecanismos de filtros em ministérios que impedem a corrupção. Se acontecer, a gente colabora com a investigação”, insistiu Bolsonaro.
Apesar da afirmação, além do caso do MEC, há dois outros. Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, deixou o cargo enquanto havia uma investigação sobre sua atuação junto a madeireiros. E Marcelo Álvaro Antônio, ex-chefe do Turismo, é acusado de integrar grupo que supostamente desviou verbas no caso conhecido como laranjas do PSL.