Monitoramento do Global Forest Watch mostra que país foi líder na perda de florestas tropicais no último ano. Dados foram publicados nesta quinta-feira (28).
De acordo com dados da Global Forest Watch, publicados nesta quinta (28), o Brasil foi responsável pela perda de 40% da perda de florestas nativas no ano de 2021. A plataforma foi desenvolvida pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
No ano passado, o Brasil perdeu cerca de 1,5 milhão de hectares das suas florestas tropicais primárias, sendo a maior parte dela na região Norte. As florestas primárias são as matas virgens, que se encontram em seu estado original ou com mínima interferência humana. Por serem mais antigas, elas têm mais diversidade de espécies, armazenam mais carbono e são consideradas essenciais no combate à mudança climática.
O mapeamento da ferramenta é feito há 20 anos, através do uso de imagens de satélites. O Brasil vem tendo taxas altíssimas de desmatamento, ficando acima de 1 milhão de hectares desde 2016.
“A taxa de perda de florestas primárias no Brasil tem sido persistentemente alta nos últimos anos. A perda relacionada a incêndios flutuou dependendo do nível de incêndios florestais fora de controle, mais recentemente com um pico em 2020 na Amazônia e no Pantanal”, diz o relatório.
O relatório divulgado também chama a atenção para a perda da resistência da Floresta Amazônica. Com a vegetação mais seca, ela demora mais para se recuperar e existe o risco de que mais da metade da floresta virar uma savana em questão de décadas.
“A perda de floresta primária no Brasil é especialmente preocupante, dada a nova evidência de que a Floresta Amazônica está perdendo resistência e pode estar mais perto de um ponto de inflexão do que se pensava anteriormente, onde as interações entre desmatamento, mudanças climáticas e incêndios levam à transformação irreversível de grandes áreas da Amazônia para uma savana”, completa o estudo.
Esse processo não acontece só no Brasil. Em todo o mundo, foram 3,75 milhões de hectares que foram perdidos por conta da ação do homem. Em segundo lugar na lista dos maiores desmatadores está a República Democrática do Congo. Em seguida estão Bolívia, Indonésia e Peru.
Janeiro e fevereiro de 2022 acumularam recordes de desmatamento no Brasil. Segundo especialistas, os números são alarmantes porque é justamente nesta época do ano que a Amazônia costuma sofrer um pouco menos com a ação de tratores e de motosserras.
Normalmente, o período entre dezembro, janeiro, fevereiro e março acumula taxas menores de desmate já que estão dentro da estação chuvosa da maioria dos estados do bioma. No entanto, as taxas atuais se comparam aos registros da estação seca em anos onde houve maior ação contra os crimes ambientais.
Veja os números dos recordes em destaques:
- Em janeiro foram 430,44 km² de área sob alerta de desmatamento, de acordo com o sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A média para janeiro no período entre 2016 e 2021 é de 162 km²; a taxa atual foi 165% maior;
- Em fevereiro foram 199 km² de áreas sob alerta de desmate, segundo o Inpe ; a média entre 2016 e 2021 é de 135 km²: o número registrado neste ano é 47% maior;
- Monitoramento independente feito com outra metodologia pelo Imazon, divulgado na sexta-feira (19), aponta 70% de alta no desmatamento no mês passado; foi o pior fevereiro em 15 anos.