Estadão | O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se comprometeu a fazer pesquisas frequentes com empresários para captar o pulso da economia real do Brasil. A ideia do BC é fazer um novo indicador para monitorar as expectativas do ponto de vista das empresas.
O Banco Central hoje capta as expectativas de mercado por meio do boletim Focus, uma pesquisa coletada apenas com representantes do mercado financeiro. O Focus traz a evolução gráfica e o comportamento semanal das projeções para índices de preços, atividade econômica, câmbio, taxa básica de juros (Selic), entre outros indicadores. As projeções são do mercado, não do BC.
Em almoço organizado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), horas antes da votação do projeto do novo arcabouço fiscal, Campos Neto acenou ao grupo de 14 empresários que participaram do encontro, que iria começar a fazer a pesquisa, segundo informou ao Estadão o presidente do conselho do grupo empresarial Esfera Brasil, João Camargo.
Segundo ele, Campos Neto foi alvo de críticas por manter os juros altos e não começar a reduzir a taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano.
Além dos empresários, estavam presentes no almoço o presidente da Câmara, Arthur Arthur Lira (PP-AL), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e lideranças do Congresso.
“Achamos que o questionário dele (do BC), tem que perguntar para a empresa também. Ele pergunta só para economistas, e só o setor financeiro. Não está vendo a situação delicada das empresas, da construção civil, do varejo, do comércio”, disse Camargo, que contou que Campos Neto informou que vai começar a fazer o questionário essa semana.
Após a aprovação da nova regra fiscal, com ampla folga de votos, a expectativa do governo, parlamentares e empresários é que o BC comece a reduzir os juros. “Alertamos o Banco Central de que ele está matando o paciente”, ressaltou o presidente da Esfera. Mas Campos Neto não fez, na reunião, nenhuma sinalização sobre os rumo dos juros.