Jonathan Toebbe trabalhava em um progama da Marinha dos EUA dedicado a pesquisa de submarinos movidos a energia nuclear
O Globo – Os americanos Jonathan e Diana Toebbe foram condenados, nesta quarta-feira, a 19 e 21 anos de prisão por tentarem vender dados confidenciais sobre submarinos nucleares do seu país ao Brasil. Há dois anos, o casal abordou altos funcionários brasileiros com milhares de páginas de documentos secretos sobre reatores nucleares dos EUA.
Em agosto, eles haviam se declarados culpados do crime perante o Tribunal.
Uma carta com a oferta foi enviada ao Brasil em 2020, mas as autoridades brasileiras logo entregaram material ao governo americano, segundo revelou o The New York Times. O preço de Toebbe: US$ 5 milhões em criptomoedas.
A dupla, moradora de Annapolis, em Maryland, foi presa em outubro de 2021. Quando foi detido, Jonathan Toebbe trabalhava como engenheiro na Marinha americana no Programa Naval de Propulsão Nuclear. Credenciado pelo Departamento de Defesa, Toebbe tinha acesso a dados e documentos confidenciais.
A partir de dezembro de 2020, após a oferta ter sido feita ao Brasil, um agente do FBI passou a se comunicar através de emails criptografados com Jonathan. Ele fazia-se passar por uma autoridade brasileira interessada nos documentos confidenciais.
A conversa se estendeu por meses e culminou na oferta. Toebbe se ofereceu para fazer assistência técnica ao programa de submarinos nucleares do Brasil, com informações secretas que obteve nos seus anos trabalhando para a Marinha americana
No dia 8 de junho 2021, um pagamento de US$ 10 mil em criptomoedas foi feito pelo agente disfarçado, como uma prova de ‘boa fé’. Cerca de 15 dias depois, Jonathan Toebbe escondeu um cartão de memória, contendo os dados secretos de submarinos nucleares, dentro de um sanduíche de manteiga de amendoim, que foi entregue ao agente do FBI.
Como pagamento, Toebbe recebeu US$ 70 mil em criptomoedas. Mulher de Jonathan, a ex-professora Diana era quem acompanhava o marido nas entregas e fazia as vezes de vigia, responsável por identificar se o homem estava sendo seguido.
Após o sucesso da primeira entrega, uma segunda foi então combinada para o dia 28 de agosto. Dentro do novo cartão de memória, oculto em um chiclete, estavam mais segredos de Estado. A terceira e última dessas entregas aconteceu no dia 9 outubro e terminou na prisão da dupla pelo FBI.
Apesar de ter um papel menor no esquema, Diana Toebbe terminou com uma sentença mais severa, de 21 anos de prisão contra 19 do marido. O motivo para isso, segundo a juíza Gina M. Groh, é que a acusada obstruiu a Justiça e não tinha direito a redução de pena por ter assumido responsabilidade. Segundo o The Washington Post, Diana tentou se comunicar com o marido já na prisão através de anotações. Nelas, ela pedia para Jonathan assumir a culpa e inocentá-la.