ESTADÃO | O ciclone extratropical que se formou na madrugada desta sexta-feira, 16, na região nordeste do Rio Grande do Sul causa fortes chuvas, ventanias e alagamentos no litoral norte do Estado, região metropolitana e Serra Gaúcha.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul já havia alertado na quinta-feira, 15, para chuvas intensas e volumosas com risco de enxurrada nas regiões, com possibilidade de enchente nos rios Caí e Sinos, no nordeste do Estado. Segundo o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), uma pessoa morreu e 625 foram resgatadas até o momento. Mais chuva é esperada até a tarde.
Em pronunciamento nas redes sociais, Leite disse que o Estado está trabalhando para aumentar a equipe de bombeiros para realizar os resgates – são 200 profissionais atualmente, mas novos 80 estão se formando neste momento e devem começar a trabalhar ainda nesta sexta. Também atuam junto à Defesa Civil cerca de 800 policiais da brigada militar.
A previsão é de mais 40 a 60 milímetros de precipitação nas próximas horas na região. Por isso, a Defesa Civil orienta que a população das regiões afetadas permaneçam em suas casas caso estejam em segurança. “Se for necessário deixar o local, que a movimentação seja feita com segurança, buscando apoio da Defesa Civil de seu município, bem como informações sobre abrigos e serviços de saúde”, afirma a instituição. Especialmente pessoas que vivem às margens de rios Caí e Sinos devem deixar suas casas.
“Este é o momento de protegermos as vidas, nos danos materiais nós focamos depois”, disse Leite em seu pronunciamento. Aqueles que já foram retirados de locais de risco devem permanecer afastados até que a Defesa Civil emita comunicado dizendo que a situação está normalizada.
Algumas regiões do Estado também estão sofrendo de falta de energia por conta da chuva. Sobre elas, Leite afirmou que a maioria deve ter a rede elétrica reestabelecida até o final desta manhã.
Em vídeo ao vivo feito pelo Facebook, o prefeito de Maquiné, no norte gaúcho, João Marcos Bassani dos Santos, alertou em tom de desespero para que moradores saíssem de suas casas devido às fortes chuvas causadas por um ciclone extratropical que atinge o Estado. “Estou pedindo, implorando, saiam”, disse, ao afirmar que não existem equipes do Corpo de Bombeiros suficientes para atender a demanda. “Antes que seja tarde.”
O prefeito alertou ainda para que as pessoas procurassem lugares mais altos e reforçou a mensagem de que a preservação da vida é mais importante que os bens materiais.
Em São Leopoldo, na região do Vale dos Sinos, as fortes chuvas fazem com que moradores deixem suas casas. O bairro Santos Dumont é um dos mais atingidos pelas inundações. As famílias que residem no local foram abrigadas em um galpão. A prefeitura trabalha para realocar essas pessoas em um espaço para acolhimento emergencial.
Já em Sapucaia do Sul, dezenas de famílias foram desabrigadas devido aos alagamentos em certos pontos do município. As pessoas estão sendo acolhidas no auditório da Escola Vanessa Ceconet.
No município de Forquetinha, a ponte da Vila Storck foi interditada devido às condições climáticas. Segundo informações da prefeitura, os motoristas que vêm do Bairro Conventos, em Lajeado, em direção ao município, devem fazer um desvio pela ERS-421.
Na BR-386, a PRF alerta para tomar cuidado com a presença de água na pista. Em alguns pontos, como na região de Linha Perau, em Marques de Souza, e ao longo do trecho em obras, os motoristas devem estar atentos para evitar a aquaplanagem. Na RSC-453, que leva a cidade de Imigrante, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) recomenda que os motoristas tenham cautela devido ao risco de pedras que eventualmente podem cair das encostas dos morros. Na cidade de Lajeado, em Alto Conventos, um córrego transbordou, causando transtornos e invadindo propriedades rurais.
Segundo MetSul Metereologia, empresa local, algumas cidades registraram durante madrugada um volume de chuva que chegou a mais de 230 milímetros, como foi o caso de Maniqué.
“As consequências do ciclone ainda estão sendo avaliadas, contudo, a projeção dos modelos matemáticos se concretizou com situação mais grave entre a Serra o Litoral Norte e parte da Grande Porto Alegre”, afirma a MetSul.
Conforme a empresa de meteorologia, os volumes de chuva foram excepcionais e em muitas regiões choveu apenas em um dia o que deveria chover de um a dois meses inteiros. “O curto espaço de tempo em que a chuva excessiva ocorreu explica em parte a dimensão dos danos e a rapidez das inundações no Nordeste gaúcho.”