Mais cedo, o MDB também decidiu pelo nome da senadora. Falta ainda uma decisão do PSDB, que ainda tem resistências à emedebista
Metrópoles – A executiva do Cidadania decidiu nesta terça-feira (24/5) oficializar a coligação com o MDB em apoio ao nome da senadora de Simone Tebet (MS) encabeçando a chapa da chamada terceira via para as eleições presidenciais deste ano.
A reunião ocorreu de forma virtual. O partido, dessa forma, antecipa sua decisão, ao contrário do que ocorrerá com o PSDB, legenda com a qual pretende formar uma federação.
A reunião do PSDB para avaliar o alinhamento com Tebet foi marcada para quinta-feira (25/5). Uma ala importante da legenda tucana ainda defende uma candidatura própria, mesmo depois da renúncia do ex-governador João Doria (PSDB-SP), anunciada nessa segunda-feira (23/5).
A decisão do Cidadania em fechar com a senadora foi anunciada por meio de nota assinada pelo presidente da legenda, Roberto Freire (SP).
“É preciso que se diga com clareza: a maior chance que Bolsonaro e seu neofascismo têm de se reelegerem é enfrentando Lula. Não se derrota um movimento antidemocrático com frente de esquerda, também ela com suas contradições liberticidas”, disse Freire, em nota.
“Com Simone Tebet, MDB, PSDB e Cidadania dão um passo concreto na direção da manutenção da democracia com um programa comum: projetar o Brasil do século XXI. Um encontro com o novo mundo digital, as novas relações sociais e de trabalho e os desafios que elas ensejam”, diz a nota.
Leia a íntegra da nota divulgada pelo Cidadania:
“Nasce a candidatura única do centro democrático.
A história não se repete, mas ensina. E forças políticas democráticas, à direita e à esquerda, parecem ter aprendido com derrotas recentes. Derrotas que culminaram na eleição de Jair Bolsonaro e no período mais sombrio da história do país. O gesto de grandeza de João Dória, ao renunciar à sua postulação, é o maior sinal nesse sentido.
Ele deixa de sonhar com a presidência para que milhões de brasileiros sonhem com uma candidatura de união, que fure a polarização entre Lula e Bolsonaro. E o PSDB, em amplo debate interno, apesar de muitas vezes incompreendido, oferece ao país a abnegação que o grave momento nacional exige em nome do consenso.
Não estamos em 1964 ou nos tempos da resistência à ditadura militar, mas os tucanos, fundamentais na construção da candidatura única, abrem mão da cabeça de chapa para que o MDB se torne novamente uma grande frente democrática. E retome seu papel histórico.
Naquela oportunidade, esse papel foi o de recuperar a democracia. Hoje, é o de mantê-la em sua plenitude e garantir o livre exercício das instituições. Unindo hoje, tal como ontem, da esquerda à direita, forças que se contraponham ao projeto destrutivo e divisivo da polarização, em especial, o bolsonarista.
É preciso que se diga com clareza: a maior chance que Bolsonaro e seu neofascismo têm de se reelegerem é enfrentando Lula. Não se derrota um movimento antidemocrático com frente de esquerda, também ela com suas contradições liberticidas.
Com Simone Tebet, MDB, PSDB e Cidadania dão um passo concreto na direção da manutenção da democracia com um programa comum: projetar o Brasil do Século XXI. Um encontro com o novo mundo digital, as novas relações sociais e de trabalho e os desafios que elas ensejam.
Espera-se a adesão de liberais, ambientalistas, da nova esquerda e de todos que tenham as liberdades e a democracia como valores universais. Esquerda aqui pensada como a social-democracia europeia, os liberais norte-americanos e, na América do Sul, representada por Gabriel Boric, presidente do Chile.
Um homem de esquerda que não tolera ditaduras. A esquerda do século XXI não pode admitir regimes ditatoriais nem apoiá-los.
Quem ainda olha esse movimento com descrédito deve lembrar que, também na ditadura, liberais do PFL e a esquerda ligada ao PT chegaram apenas no final. O núcleo de resistência estava no MDB.
É por isso que o centro democrático continua aberto ao diálogo com todas as forças que vejam na polarização um embate que empobrece o país. Gera fome e desemprego. Insufla o ódio. Divide famílias e sociedade. Coloca em risco nosso futuro.
Uma polarização cujo legado poderá ser ainda a reeleição do pior governo que esse país já teve. Ninguém está aqui a dizer que uma ditadura como a de 58 anos atrás se avizinha. Mas a destruição de seus pilares está em curso.
A história não se repete senão como farsa. Mas é importante conhecê-la. Os erros e os acertos. Simone Tebet terá a oportunidade de liderar um projeto que atraia os setores mais diversos possíveis.
E o MDB, uma segunda chance histórica de ser novamente instrumento de unidade e reafirmação da liberdade e do desenvolvimento do país. Com a primordial tarefa de isolar os inimigos da civilização: o fascismo e a barbárie.
Essa é a posição da Executiva Nacional do Cidadania, à qual o partido espera que os demais integrantes do centro democrático e todos os que desejam o fim da polarização se associem.
Roberto Freire
Presidente da Comissão Executiva Nacional do Cidadania”.