O pedetista teve 7% das intenções de voto na última pesquisa do Datafolha e fez pronunciamento em meio à ofensiva do PT pelo ‘voto útil’ no primeiro turno
Durante pronunciamento nesta segunda (26), o candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT) afirmou que não abrirá mão de sua candidatura após ofensiva do PT em busca do “voto útil” para Lula na tentativa de vencer as eleições ainda no primeiro turno.
Ciro também criticou, além de Lula (PT), o atual presidente Jair Bolsonaro (PL): “Não me intimidarão”, frisou o pedetista.
— Nada deterá minha disposição de seguir em frente — disse Ciro nesta manhã durante leitura de manifesto — Aqueles que ousam resistir, como é o meu caso, são vítimas das mais virulentas campanhas de intimidação, mentiras e de operações de destruição de imagem. É o que está acontecendo agora quando estou sendo vítima de uma gigantesca e virulenta campanha, nacional e internacional, para a retirada da minha candidatura.
O pedetista declarou que vai continuar a “denunciar os corruptos e demagogos que tentam ludibriar a fé popular com suas falsas promessas”, citando nominalmente Lula e Bolsonaro.
Durante o pronunciamento, Ciro manteve o tom que tem adotado nos últimos meses, em que tenta quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro, sendo uma opção da chamada “terceira via”. Segundo ele, essa polarização levou o país “à derrocada”.
O que motivou a leitura do manifesto foi a campanha cada vez mais intensa do PT pelo voto útil em Lula, disseram seus aliados que compareceram ao comitê de campanha nesta manhã. Eles entendem o movimento adversário como uma tentativa de esvaziar a discussão de projetos e ideias e tirar a autonomia do eleitor em votar no candidato preferido.
Ciro citou o argumento do voto útil no discurso:
— Querem eliminar a liberdade das pessoas de votarem no regime de dois turnos, primeiro no candidato que mais representa seus valores, e, se for o caso, de optarem depois por aquele que mais se aproxime de suas ideias — afirmou.
Ao fim do pronunciamento, um militante da campanha foi ao púlpito para criticar a imprensa e o que julgou uma equiparação injusta entre Ciro e Bolsonaro. O próprio candidato, minutos antes, havia culpado “setores da mídia e da inteligência” pela “falsa ideia de que apenas um pode derrotar o outro”, referindo-se aos dois adversários.
O ex-governador do Ceará tem 7% das intenções de voto segundo a última pesquisa do Datafolha, divulgada na quinta-feira (22). Ele aparece em terceiro lugar, em empate técnico com Simone Tebet (MDB) que tem 5%. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera com 47%, seguido do presidente Jair Bolsonaro (PL), com 33%.
Troca de farpas no fim de semana
Durante agenda no Rio de Janeiro neste domingo, Lula e Ciro trocaram farpas em compromissos pela capital fluminense. O petista criticou Ciro sem citá-lo nominalmente, e buscou mais uma vez convencer o eleitor a decidir a eleição em uma única etapa, para evitar um duro confronto com Bolsonaro em um eventual segundo turno. Enquanto isso, o pedetista voltou a criticar o PT duramente, acusando a sigla de ser corrupta e leniente.
Em comício em Madureira, na quadra da escola de samba Portela, Lula reforçou a importância de o eleitor não deixar de comparecer à votação, no próximo domingo, e provocou Ciro ao mencionar que um neto de Leonel Brizola, fundador do PDT, estava presente.
— Eu estou vendo aqui o neto do Brizola, o Leonel. Se o Brizola estivesse aqui, o Brizola estava junto conosco, aqui, pedindo “fora, Bolsonaro”. Eu tenho certeza absoluta de que o Brizola estaria do nosso lado — disse.
O pedetista, que reclama da ofensiva do PT pelo voto útil e enfrenta dissidências no próprio partido — na última quarta-feira, viu um grupo de correligionários assinarem um manifesto demonstrando apoio a Lula —, deu o troco na Praia de Copacabana. Durante a caminhada, o pedetista não poupou críticas ao PT, responsabilizando a sigla pela ascensão de Bolsonaro e por ter “apoiado” a ocupação do Palácio das Laranjeiras, sede do governo fluminense, pelo “crime organizado”. Ciro repetiu o tom no pronunciamento desta segunda-feira.