Segundo estimativas da entidade, variação deve entre 5% e 10% deve ser justificada pela alta do querosene de aviação
CNN – Diante do aumento da demanda por voos e do elevado custo do querosene de aviação, o preço das passagens aéreas no Brasil deve continuar subindo nos próximos meses.
Segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), feita a pedido da CNN, a tendência para os próximos meses é de que o custo das passagens siga pressionado, com previsão de alta entre 5% e 10% no valor pago pelo consumidor.
O levantamento da CNC destaca que, no intervalo entre os meses de maio de 2021 e deste ano, o preço das passagens aéreas no Brasil teve alta acumulada de, em média, 89%.
Atualmente, dos quase 400 itens analisados mensalmente pelo IBGE na cesta de produtos do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as passagens aéreas estão em quarto lugar entre os que mais subiram.
Em maio deste ano, segundo o instituto, as passagens de avião foram o item que mais contribuiu para a alta mensal do IPCA.
A CNC aponta ainda que, apesar da alta de 89% no período, e de 102% se analisado desde setembro de 2020, os preços têm subido depois de uma queda brusca.
De março a agosto daquele ano, período mais restritivo da pandemia de Covid-19, houve uma queda de, em média, até 48% nos preços dos bilhetes, devido à demanda reduzida por voos naquele período.
O economista salienta, no entanto, que em relação a fevereiro de 2020, a alta acumulada foi de 4%. Ou seja: os preços, após a queda abrupta no início da Covid-19 diante da baixa demanda por voos, estão próximos aos dos patamares de pré-pandemia.
“Quando você corta a metade do preço e depois dobra, você tem uma variação muito pequena. Embora a alta de 4% seja pequena, temos tido um reajuste muito forte, se pegarmos os últimos 12 meses”, analisou Bentes.
Conforme mostram dados do buscador de voos Viajala, o valor das passagens aéreas quase chegou a triplicar na comparação com o período anterior à pandemia.
Um levantamento da empresa indica que o preço médio da viagem de ida e volta entre São Paulo e Salvador, por exemplo, foi de R$ 469 para R$ 1.288 (174%).
O trecho Rio de Janeiro-João Pessoa passou de R$ 849 para R$ 2.060, média de 142% de aumento. Os voos entre São Paulo e Recife variaram de R$ 581 para R$ 1.359: uma diferença de 134%.
Apesar da tendência de alta para os próximos meses, apontada pelo levantamento, as passagens devem ter valor ainda mais elevado no final do ano, quando a demanda tende a ser maior, como explica Bentes.
“Aquela inflação dos combustíveis, alimentos e energia, está chegando ao setor de serviços – e passagem aérea é um serviço. A tendência diante da sazonalidade típica desse tipo de serviço é que haja pressão no último trimestre de 2022. Como estamos diante de uma janela de oportunidade, os preços não devem subir tanto no curto prazo, mas sim no final do ano. Quem puder antecipar a compra da passagem aérea provavelmente estará fazendo um bom negócio”, orienta o economista.
Custos de aviação
Um dos dois fatores que incidem diretamente no preço final das passagem, o querosene de aviação registrou o maior preço por litro desde o início do levantamento semanal pela ANP (R$ 5,46893) iniciado em dezembro de 2019.
Segundo Bentes, o combustível é afetado basicamente por dois fatores: taxa de câmbio e preço do petróleo. O economista acredita que ambos tendem a ter redução ao longo do ano.
Em contrapartida, a demanda deve seguir crescendo. Ele diz que na balança, o peso da elevada demanda deve ser maior do que a queda da taxa de câmbio e do custo do petróleo. Por isso, as estimativas de novos aumentos no preço das passagens aéreas.
Bentes explica que, a cada aumento de um ponto percentual na taxa de câmbio, o preço do querosene de aviação sobe 0,67 ponto percentual.
Já para cada aumento da mesma magnitude no petróleo, o combustível varia 0,61 ponto percentual.
Demanda alta
Dados do Kayak, buscador de preços de passagens aéreas, mostram que houve 500% mais procura pelos principais destinos domésticos e internacionais em relação ao mesmo período de 2021.
Apesar da alta demanda, o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, mostrou preocupação com o setor de turismo que, segundo a CNC, teve prejuízo de R$ 485,1 bilhões entre março de 2020 e janeiro de 2022.
“É preciso que os governantes olhem para o nosso setor e que a cotação do petróleo se estabilize para que não somente o turismo se recupere, mas que empregos sejam impulsionados, comerciantes saíam do vermelho e os brasileiros possam voltar a desfrutar da felicidade de viajar e curtir as belezas do nosso país”, disse, por meio de comunicado emitido pela entidade.