A previsão anterior era de uma alta de 0,9%, mas mudou após melhora no mercado de trabalho e aquecimento do setor de serviços no 1º semestre
Metrópoles – O primeiro semestre de 2022 surpreendeu positivamente o mercado econômico. Com a frustração das expectativas de normalização de insumos, a preocupação trazida pela guerra entre Rússia e Ucrânia e problemas de produção na China, as expectativas para o 2° trimestre tinham sido fortemente revistas para baixo. No entanto, a normalização de serviços e o início da recuperação do mercado de trabalho alavancaram nova previsão com melhorias.
Dados do informe conjuntural do segundo semestre publicado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta sexta-feira (8/7), apontam uma projeção de crescimento de 1,4% para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano.
O percentual supera os 0,9% de expansão econômica estimados em abril. O aumento na previsão pode ser explicado por uma série de impulsos à atividade econômica na primeira metade de 2022.
Um dos fatores foi a recuperação do mercado de trabalho. O Brasil tem 97,5 milhões de pessoas ocupadas, segundo o IBGE. Trata-se do maior número desde o início da série histórica do instituto, em 2012. A CNI revisou a expectativa de taxa de desemprego média no ano, de 12,9% para 10,8%, e o crescimento da massa salarial real, de 1,4% para 1,6%.
Além disso, há aquecimento do setor de serviços. “O setor de serviços surpreendeu positivamente no primeiro trimestre. A indústria registrou altas moderadas da produção, pouco acima do previsto, com maior dinamismo em setores ligados a commodities. Os dados do segundo trimestre disponíveis até o momento permitem esperar continuidade desse bom desempenho”, explicou o gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles.
Antecipação do 13º salário e liberação do FGTS
Fatores transitórios também contribuíram para um desempenho melhor no primeiro semestre. De acordo com a avaliação da CNI, o adiantamento do 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS; a liberação de saques do FGTS; a retomada do pagamento do abono salarial; e o aumento das transferências diretas de renda ajudaram nas melhor perspectiva.
Assim, CNI revisou também as projeções para o PIB da Indústria e de Serviços. Além do aumento da massa salarial, o setor de serviços também tem sido beneficiado pelo início da normalização pós-pandemia de serviços ligados à mobilidade.
A projeção de crescimento passou de alta de 1,2% para alta de 1,8%. A Indústria, por sua vez, segue enfrentando dificuldades, mas a projeção de PIB industrial passou de queda de 0,2% para alta de 0,2%. A revisão da Agropecuária foi no sentido inverso, com previsão de estabilidade (0%), ante alta de 1,3%. O recuo ocorre devido aos efeitos do clima adverso no início do ano.
Avanço do consumo
A expectativa do PIB mais alto também está relacionada ao consumo das famílias, que cresceu 0,7% no primeiro trimestre de 2022, terceira alta consecutiva. Na comparação com o 1º trimestre de 2021, a alta é de 2,2%.
O consumo responde à recuperação do emprego e a recomposição, ainda que parcial, do rendimento médio real.