Ex-presidente criticou a atual política de preços da Petrobras e a capitalização da Eletrobras durante evento em São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu neste sábado (7) o papel das estatais e criticou a atual política de preços da Petrobras e a capitalização da Eletrobras, durante evento em que oficializou a sua pré-candidatura à Presidência da República com Geraldo Alckmin (PSB) como vice.
CNN – “Defender nossa soberania é defender a Petrobras, que vem sendo desmantelada e sucateada, dia após dia”, disse. “Colocaram a venda as reservas do pré-sal, entregaram a BR Distribuidora e os gasodutos, interromperam a construção de algumas refinarias e privatizaram outras”, acrescentou, sem mencionar os episódios de corrupção na estatal, conhecido como “petrolão”.
Lula mencionou os atuais preços dos combustíveis como consequência das políticas adotadas pela Petrobras e declarou que vai trabalhar para “devolvê-la ao povo brasileiro”.
“Somos autossuficientes em petróleo, mas pagamos por uma das gasolinas mais caras do mundo, cotada em dólar, enquanto os brasileiros recebem os seus salários em real”. Embora autossuficiente em petróleo, o Brasil não tem autossuficiência nos derivados do produto. Por isso, a Petrobras atende 80% do mercado, os outros 20% vêm de fora para atender o mercado interno.
“Nós precisamos fazer com que a Petrobras volte a ser uma grande empresa nacional e se transformar outra vez em uma das maiores do mundo. Colocá-la de novo a serviço do povo brasileiro, e não dos grandes acionistas estrangeiros. Fazer novamente do pré-sal o nosso passaporte do futuro financiando a saúde, educação e a ciência”, pontuou em um discurso majoritariamente lido.
O pré-candidato do PT à Presidência também disse ser um “crime” o processo de capitalização da Eletrobras, e que é preciso haver defesa dos bancos públicos para que o país retome a geração de emprego.
“Defender a soberania é defender a Eletrobras, maior empresa de geração de energia da América Latina, dos que querem o Brasil submisso. Mais esse crime de lesa-pátria seria uma perda para nossa soberania energética”, argumentou o ex-presidente.
“É também defender os bancos públicos, garantir o crédito barato a quem quer produzir e gerar empregos, financiar obras de saneamento e a construção de casas, apoiar a agricultura familiar e os pequenos e médios produtores rurais”, completou.
O evento que marcou o lançamento do movimento Vamos Juntos pelo Brasil teve início às 10h (horário de Brasília) e foi transmitido ao vivo pelas redes sociais de Lula.
Marcaram presença nomes conhecidos do Partido dos Trabalhadores, como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e a presidente do partido, Gleise Hoffmann, além de apoiadores de outras siglas, como Guilherme Boulos (PSOL), Luiza Erundina (PSOL) e Marcelo Freixo (PSB).
Devido à Covid-19, o ex-governador de São Paulo e pré-candidato a vice de Lula, Geraldo Alckmin, não participou presencialmente. Ele discursou minutos antes de Lula por meio de uma videochamada.
Antigos rivais na mesma chapa
A aproximação entre Lula e Alckmin, que eram opositores, é recente. As conversas entre os dois para a composição da chapa eleitoral começaram há alguns meses e envolveram a saída do ex-governador paulista do PSDB, partido onde ficou por 33 anos.
Antigos rivais, ambos já trocaram fortes críticas. Em um dos ataques ao PT quando era candidato à Presidência pelo PSDB em 2018, Alckmin disse: “Não existe a menor chance de aliança com o PT. Vou disputar e vencer o segundo turno, para recuperar os empregos que eles destruíram saqueando o Brasil. Jamais terão meu apoio para voltar à cena do crime.”
Lula e Alckmin se enfrentaram diretamente em debates na disputa eleitoral de 2006, quando o petista tentava se reeleger e Alckmin era o candidato tucano ao Planalto.
No debate promovido pela RecordTV naquele ano, Alckmin afirmou que o governo Lula tinha duas marcas, “parado na economia e acelerado nos escândalos”.
Ele fazia referência ao Mensalão, escândalo de corrupção que explodiu no ano anterior, em que o governo Lula foi acusado de pagar congressistas em troca de votos.