Ministro do STF ordenou operação contra empresários em agosto
Um grupo de 131 delegados aposentados da Polícia Federal (PF) enviou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, uma notícia-crime onde pedem a abertura de uma investigação contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e contra o delegado da PF, Fábio Shor, por “crimes de abuso de autoridade”.
O principal questionamento é sobre a conduta de Moraes e Shor na operação realizada contra empresários bolsonaristas em agosto, com mandados de busca e apreensão, além do afastamento telemático dos investigados.
A operação, segundo a notícia-crime, teve como base um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para que o Supremo abrisse uma investigação por causa de reportagem publicada pelo portal Metrópoles.
Na matéria, os empresários teriam defendido um golpe de Estado no caso de o presidente Jair Bolsonaro (PL) ser derrotado nas eleições, em um grupo de Whatsapp chamado “Whatsapp Empresários & Política”.
Segundo os ex-delegados, os supostos crimes cometidos pelos empresários foram investigados “ilegalmente”. Eles apontam que Moraes e Shor não cumpriram o “rito do ordenamento jurídico em vigor”.
Eles alegam ainda que “meras conversas em grupo privado de Whatsapp não constituem meio de prova criminal”. Os denunciantes pontuam que o procurador-geral deveria ter sido “ouvido previamente às diligências de busca e apreensão”.
“À vista dos fatos, os requerentes solicitam, em face do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e do delegado de Polícia Federal Fábio Alvarez Shor, a instauração de procedimento investigativo para apurar o possível cometimento, em tese, dos crimes de abuso de autoridade”, solicita a denúncia.
Os ex-delegados ainda pedem que a PGR “adote as providências cabíveis, em face da possível suspeição de Alexandre de Moraes para o exercício de suas funções na presidência do TSE”.
O ministro Alexandre de Moraes, procurado pela CNN Brasil, não se pronunciou. Em nota, a PF também informou que não irá se pronunciar sobre a representação dos delegados aposentados da corporação.
“Segundo notícias veiculadas a respeito do assunto, a representação teria sido elaborada por um grupo de policiais federais que estão aposentados, sendo o documento endereçado ao Ministério Público Federal (MPF). Dessa forma, não compete à Polícia Federal se manifestar sobre tal questão.”
A Federação Nacional dos Delegados de Policia Federal (Fenadepol) também se manifestou sobre o caso. “A representação formulada por um grupo minoritário de delegados da Polícia Federal aposentados à PGR não representa a opinião da categoria”, afirmou Tania Prado, presidente da federeção.