O Antagonista | Morreu na madrugada desta segunda-feira, 12, o ex-ministro e ex-deputado federal Antônio Delfim Netto (foto). O economista estava internado desde a segunda-feira, 5, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e morreu de complicações do quadro de saúde.
Delfim foi ministro da Fazenda durante os governo militares, de 1967 e 1974, e também atuou como ministro do Planejamento de 1979 a 1985, ministro da Agricultura, em 1979, e embaixador do Brasil na França, de 1975-1977.
Delfim era professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). A família informou que o velório será fechado e que o enterro será restrito a parentes.
“Milagre econômico”
Como ministro da Fazenda, ele entrou para a história como o responsável pelo “milagre econômico” que fez o PIB brasileiro crescer até 14% ao ano, mas que deixou como legado a hiperinflação vivida pelo país na década de 1980. O ex-ministro não gostava do termo “milagre”.
“Nunca houve milagre. Milagre é efeito sem causa. É de uma tolice imaginar que o Brasil cresceu durante 32 anos seguidos, começando na verdade em 1950, a 7,5% ao ano, por milagre”, comentou em entrevista em 2014.
Segundo Delfim, o país cresceu naquela época “porque o Brasil trabalhou, poupou, aumentou sua participação externa, reduziu a inflação”.
AI-5
E entrevista concedida em 2021, o ex-ministro disse que voltaria a assinar o AI-5, o ato institucional editado em 13 de dezembro de 1968, sob Costa e Silva, que marcou o período mais violento da ditadura militar no Brasil.
“Eu voltaria a assinar o AI-5. Eu tenho dito isso sempre. Aquilo era um processo revolucionário, vocês têm que ler jornais daquele momento”, disse Neto, que conseguiu estabelecer uma carreira política muito influente após o fim dos governos militares e chegou a se tornar conselheiro de Lula.
“As pessoas não conhecem história, ficam julgando o passado como se fosse o presente. Naquele instante foi correto, só que você não conhece o futuro”, acrescentou o ex-ministro na entrevista, ponderando que quem defendia um decreto semelhante em 2021, durante o governo Jair Bolsonaro, era “idiota”.
“Aprendizado”
“Quando se assinou o AI-5, o que se imaginava era que o habeas corpus seria para proteger o cidadão, não para matá-lo”, comentou Delfim na entrevista, acrescentando: “Hoje nós sabemos para onde queremos ir e aprendemos que só existe um mecanismo para administrar esse país e levá-lo ao progresso, que é o fortalecimento do processo democrático. Isso é um aprendizado”.