Taxa de desemprego vai a 9,1% e mantém tendência de diminuição; economistas afirmam que pressão dos salários volta a subir com o mercado mais aquecido
CNN – A queda da taxa de desemprego no Brasil, que foi a 9,1% no trimestre encerrado em julho, foi um pouco menos acentuada do que era esperado pelo consenso do mercado, de 9%. Mas economistas ressaltam que o resultado é positivo, pois indica uma economia aquecida e um desemprego em desaceleração, que deve continuar em queda até o fim de 2022.
Ao CNN Brasil Business, o pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV IBRE Fernando Barbosa Filho destacou que o mercado de trabalho deve continuar aquecido nos próximos meses, com a geração de empregos formais tendo ajudado a fortalecer a economia.
“Por conta do fiscal muito forte, é esperado que o desemprego continue caindo até o fim do ano, com um mercado de trabalho também forte nesses próximos meses”, disse.
“A pressão dos salários volta a subir com o mercado mais aquecido. Não dá para falar em tendência, porque no ano passado ainda tínhamos uma fragilidade, ao fazer uma comparação mensal, mas esse mês já temos uma aceleração. A subida real dos salários é um sinal de que o mercado está ficando mais aquecido”, acrescentou.
Em entrevista à CNN Brasil nesta quarta-feira (31), Rodolfo Margato, economista da XP, disse que a taxa de desemprego vem em uma trajetória de queda há alguns meses, e isso é reflexo de um crescimento econômico mais forte que o esperado na primeira metade do ano.
“Temos observado uma recuperação do emprego, tanto de carteira assinada quando to chamado emprego informal, refletindo um crescimento mais forte que o esperado da economia brasileira no primeiro semestre de 2022”, afirmou.
Ainda que os empregos formais tenham ajudado na recuperação do mercado de trabalho, segundo Fernando, os informais cresceram 0,3% entre junho e julho, marcando a sexta leitura positiva consecutiva. O economista ressalta que o saldo é favorável, ao considerar as surpresas positivas que os indicadores demonstraram ao longo deste ano.
“Na margem dese mês tivemos um pouco mais de geração informal de emprego, mas no ano como um todo observamos a criação de muitos empregos formais, o que é uma surpresa, porque a tendência histórica do Brasil é, de fato, na categoria sem carteira assinada”, declarou Fernando Barbosa Filho.
“A categoria de ‘empregados no setor público sem carteira de trabalho assinada’ foi o destaque com alta de 3,5% na comparação mensal. Desta forma, o emprego informal total saltou para 42,4 milhões em julho, de 42,2 milhões em junho e 40,7 milhões no início de 2020. Enquanto isso, o emprego formal registrou aumento de 0,4% entre junho e julho, arrefecendo em relação ao salto de 0,8% na leitura anterior”, completou Rodolfo.
Outro destaque na visão dos especialistas foi o aumento do rendimento médio real habitual, que subiu 1,0% em julho em relação a junho, o terceiro avanço mensal consecutivo. Segundo Rodolfo Margato, os rendimentos reais continuarão com tendência de alta moderada daqui para frente.
“Em relação ao rendimento, de fato após um longo período em trajetória de queda, a gente começa a observar os primeiros sinais de observação. Um aumento do poder de barganha dos trabalhadores e a queda da inflação no curtíssimo prazo”, disse.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, salientou que a renda média real do trabalhador subiu para R$ 2.693 no trimestre, “mas continua em patamar muito deprimido”. Já a massa de rendimento real vem registrando forte expansão e já chega perto do nível pré-pandemia, segundo ela, com alta de 1,6% frente ao trimestre encerrado em junho.
Conforme exposto pelos especialistas, o desemprego deve seguir em queda e pode terminar abaixo dos 9%. “Nossa expectativa é que a taxa de desemprego continue caindo até o fim do ano, chegando a 8,7%, como efeito defasado da recuperação econômica”, disse Claudia. Já Rodolfo Margato declarou que a expectativa é que o nível termine em 9,0%, apesar de confirmar que a projeção tem “viés baixista”.