Estadão | Após a indicação do advogado Cristiano Zanin Martins para o Supremo Tribunal Federal (STF), mais um nome de confiança da cúpula petista poderá ser escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para uma vaga em Corte Superior. O advogado Flávio Caetano, que defendeu Dilma Rousseff (PT) – presidente cassada em processo de impeachment, em 2016 – e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tenta se cacifar para uma cadeira no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Dilma tem atuado em favor do advogado.
Caetano é um dos 34 inscritos para concorrer à chamada lista sêxtupla da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ao STJ. Na vaga destinada à advocacia, cabe ao Conselho Federal da entidade apresentar seis nomes à Corte. Em seguida, os ministros do STJ escolhem três dos indicados e entregam a lista tríplice ao presidente da República, a quem cabe a indicação.
Nos bastidores, o advogado conta com o apoio especialmente de Dilma, que cogita assinar um manifesto em favor da candidatura do ex-defensor. O Estadão apurou que a presidente cassada foi a grande incentivadora da candidatura de Caetano e tem aconselhado o advogado constantemente, mesmo a distância, enquanto ocupa o cargo de presidente do banco dos Brics, na China. Ela avalia ser signatária do documento ao lado de mulheres da política e da advocacia.
Caetano defendeu a chapa da ex-presidente em 2014, quando ela foi reeleita. Prestou serviços ainda à campanha de Haddad, em 2016, quando o petista foi derrotado, em primeiro turno, por João Doria (então no PSDB) na tentativa de se reeleger à Prefeitura de São Paulo. Experiente na área eleitoral, tem na ex-presidente uma das poucas clientes com quem cultivou amizade. Na OAB, no entanto, enfrenta dificuldade para emplacar seu nome.
No STF, ao rechaçar pressões pela escolha de um negro ou de uma mulher para o cargo, Lula indicou o advogado que lhe defendeu em processos da Operação Lava Jato, sob a alegação de “conhecer as qualidades” de Zanin. Especialistas ouvidos pelo Estadão criticaram a falta de impessoalidade e até mesmo o currículo do advogado de Lula. A interlocutores, o presidente diz que vai continuar a driblar critérios de representatividade para escolhas em Tribunais.