Reunião entre Lula e ministros ocorre nesta sexta-feira, e mercado espera alinhamento de discursos
Folha de São Paulo – O dólar apresenta queda mais intensa em relação ao real na manhã desta sexta-feira (6), e a Bolsa apresenta alta depois do início da primeira reunião ministerial comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da divulgação do relatório de emprego nos Estados Unidos.
Às 11h00 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 1,40%, a R$ 5,2760 na venda. No mesmo horário, o Ibovespa subia 1,46%, aos 109.222 pontos, logo após a divulgação dos dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, conhecido como Payroll.
Os juros também apresentam queda neste início de pregão. Nos contratos com vencimento em 2024, a taxa cai de 13,70% no fechamento da véspera para 13,64%. Para 2025, os juros passam de 13,12% para 13,02%. E no vencimento de 2027, a taxa está abaixo dos 13% ao ano, passando de 13,05% para 12,93%.
O relatório de emprego dos Estados Unidos mostrou a criação de 223 mil novas vagas em dezembro. Apesar de indicar que o mercado de trabalho continua aquecido, o número representa uma desaceleração em relação a novembro, quando foram criados 263 mil novos empregos no país.
Esta desaceleração na criação de empregos pode ajudar no controle da inflação nos Estados Unidos, o que permitiria uma alta dos juros mais branda por parte do Federal Reserve, o banco central americano, no decorrer deste ano.
As ações que mais sobem na Bolsa são aquelas mais sensíveis ao cenário externo. As ordinárias da CSN avançam mais de 6%, e as preferenciais classe A da Usiminas têm alta superior a 3%.
Para a Guide Investimentos, os últimos dois dias foram marcados pela ausência de maiores ruídos políticos por parte de membros do governo, permitindo uma recuperação dos ativos. Para a corretora, na ausência de indicadores econômicos relevantes para os investidores, as atenções se voltam para a reunião ministerial que ocorre neste momento.
Nesta quinta-feira (5), o dólar caiu e a Bolsa subiu com a expectativa de que a reunião ministerial vai resultar em um discurso mais alinhado à responsabilidade fiscal por parte do governo.
As declarações do novo secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, em entrevista à Folha, e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, reforçaram essa percepção dos investidores, ao sinalizarem que vão buscar o controle da dívida pública e responsabilidade com os gastos do governo.
O dólar comercial à vista fechou em baixa de 1,85%, a R$ 5,3510 na venda. O Ibovespa terminou o dia em alta de 2,19%, aos 107.641 pontos.
Os juros também apresentaram queda nesta quinta. Os contratos com vencimento em 2024 fecharam com taxa de 13,70%, ante 13,79% do fechamento desta quarta. Nos vencimentos para 2025, a taxa recuou de 13,31% para 13,13% ao ano. E para 2027, os juros caíram de 13,31% para 13,07%.
Em entrevista à Folha, o novo secretário do Tesouro Nacional afirma que as frentes de atuação incluem revisão de desonerações e de despesas. Ceron também indica a possibilidade de a nova regra fiscal dar flexibilidade a investimentos públicos, mas prever limitação maior para despesas correntes (que incluem salários e benefícios).
Em seu discurso de posso como ministra do Planejamento, marcado por tom político, Tebet pregou responsabilidade fiscal, combate à inflação e aos juros elevados e defendeu a aprovação da reforma tributária.
Uma amostra dessa busca por oportunidades aparece no desempenho de algumas das principais ações do Ibovespa. As ações preferenciais da Petrobras subiram 3,60%, e as ordinárias fecharam com alta de 3,24%, enquanto o petróleo do tipo Brent, que geralmente tem bastante influência sobre a ação da estatal, subiu pouco mais de 1%. Entre os bancos, destaque para as ações ordinárias do Banco do Brasil, que avançaram 4,57%.