Moeda norte-americana desvalorizou 3,69% nesta semana, enquanto a bolsa subiu 1,46% no período
CNN – O dólar teve uma desvalorização de 3,69% na semana, esse foi o pior desempenho semanal desde o tombo de mais de 5% visto na semana de 25 de março. A época, o recuo foi devido falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele reforçou a afirmação da véspera de que prevê o fim do ciclo de alta da Selic em maio.
Por outro lado, o Ibovespa encerrou os cinco dias com alta de 1,46%, o segundo avanço semanal consecutivo.
A moeda norte-americana começou a semana com um recuo de 0,14%, na última segunda-feira (16), impactada pelas falas do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra.
À época, ele não descartou a possibilidade de novas altas de juros após a reunião de junho, incentivando apostas em uma taxa Selic terminal maior, o que atrairia investimentos para o Brasil.
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa Selic pela 10º vez consecutiva, a 12,75%, na última reunião, em 4 de maio.
Outro aspecto que impactou a moeda no dia foi um aumento do pessimismo entre investidores por conta dos dados fracos da economia da China reforçarem temores de uma recessão econômica global.
A atividade varejista e industrial do país asiático caiu bruscamente em abril, uma vez que os lockdowns contra a Covid-19 confinaram trabalhadores e consumidores a suas casas e afetou gravemente as cadeias de abastecimento, lançando uma sombra sobre as perspectivas para a segunda maior economia do mundo.
As vendas no varejo despencaram 11,1% em abril em relação ao ano anterior, a maior contração desde março de 2020.
A China também foi a principal responsável pela queda do dólar de 2,14%, a R$ 4,942, na terça-feira (17) – a maior queda percentual diária desde 24 de julho de 2021.
Porém, na quarta-feira, a moeda norte-americana chegou a cair 0,45%, a R$ 4,920 (menor patamar intradia desde 4 de maio), ainda na primeira meia hora de negócios, mas a partir de então tomou fôlego. Na parte da tarde, acelerou a alta a R$ 5,001, valorização de 1,18%.
A reação de preços no dia foi a clássica de busca por segurança. Investidores correram para o dólar e para os títulos do Tesouro norte-americano, considerados o ativo mais seguro do mundo.
Já na quinta-feira (19), o dólar caiu acentuadamente contra o real, acompanhando um movimento internacional de arrefecimento da divisa norte-americana, embora alguns participantes do mercado continuassem alertando para o ambiente, no geral, menos favorável a ativos arriscados.
Após chegar a perder 2,03% na mínima do dia, a R$ 4,88, a moeda norte-americana à vista fechou em queda de 1,24%, a R$ 4,919, seu menor patamar para um encerramento desde o dia 4 deste mês (R$ 4,90).
E, nesta sexta-feira, o dólar fechou em queda de 0,98%, cotado a R$ 4,871, após refletir um otimismo maior por parte dos investidores depois que a China anunciou um corte na taxa de juros de referência para hipotecas maior que o previsto, em um esforço para estimular a economia do país
A China cortou sua taxa de referência para hipotecas por uma margem inesperadamente ampla. Em uma fixação mensal, reduziu a taxa primária de empréstimo (LPR) de cinco anos em 15 pontos base, para 4,45%, a maior redução desde que a país renovou o mecanismo de taxas de juros em 2019 e mais do que os cinco ou 10 pontos apontados pela maioria em uma pesquisa da Reuters.
A LPR de um ano ficou inalterada em 3,70%.
Ibovespa
O principal índice da B3, por outro lado, fechou o primeiro dia da semana em alta de 1,22%, aos 108.232,74 pontos, seguindo as ações ligadas a commodities, em especial da Vale e de outras empresas do setor de siderurgia após o minério de ferro fechar em alta na China.
O contrato de minério de ferro mais negociado em setembro na bolsa de commodities de Dalian na China encerrou as negociações diurnas em alta de 3,9%, a 834,50 iuanes (US$ 122,80) a tonelada. Na bolsa de Cingapura, o contrato mais ativo para junho subiu 1,3%, para US$ 128,60 a tonelada.
O Ibovespa também encerrou a terça-feira em alta, de 0,51%, aos 108.789,33 pontos, após refletir a redução de aversão a riscos dos investidores. Esta foi a quinta alta seguida no mercado de ações brasileiro.
Já na quarta-feira (18), com os investidores refletiram a posição do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na véspera. Ele afirmou que a autarquia subirá os juros nos Estados Unidos o quanto for necessário para combater a inflação, mas sem sinalizar elevações superiores aos 0,5 ponto percentual já sugerido.
Com isso, o índice fechou em queda de 2,34%, aos 106.247,15 pontos.
Outros dois aspectos que impulsionaram a queda foram a inflação elevada no Reino Unido e na zona do euro, alimentando temores de uma recessão global.
A inflação britânica disparou 9% no mês passado para sua maior taxa anual desde 1982, pressionando o ministro das Finanças, Rishi Sunak, para intensificar a ajuda às famílias que enfrentam uma crise cada vez mais grave de custo de vida.
Enquanto que a inflação da zona do euro registrou em abril o nível recorde de 7,4%, impulsionada pelo aumento dos custos de combustível e alimentos, informou nesta quarta-feira a agência de estatísticas da UE, baixando sua estimativa preliminar de 7,5%.
Na quinta-feira (19), o principal índice da B3 foi favorecido pela alta de ações ligadas à mineração e pelos papéis da Eletrobras, cujo processo de capitalização foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e deve ser concluído até julho. Dessa forma, o Ibovespa encerrou com alta de 0,71%, aos 107.005,22 pontos.
E, nesta sexta-feira, o índice subiu 1,39%, aos 108.487,88 pontos, depois que as ações ligadas a commodities e bancos avançaram em meio a uma redução da aversão a riscos pelos investidores após a decisão chinesa.
A medida tende a beneficiar países que exportam para a China, caso do Brasil, ao gerar um aumento na demanda por commodities e alta no preço dos produtos.
Ao mesmo tempo, o esforço alivia a cautela nos mercados ao reduzir temores de uma possível recessão ou forte desaceleração nas maiores economias do mundo.
*Com informações da Reuters