Segundo pesquisa do Ipec, só 14% dizem ainda não saber, enquanto 79% falam que a escolha é definitiva
O Globo – Faltando ainda mais de um mês para o primeiro turno, só 14% dos eleitores dizem não saber em quem votarão para presidente. De acordo com a nova pesquisa do Ipec (ex-Ibope), oito em cada dez eleitores afirmam que a decisão é definitiva, mesmo havendo 30 dias de campanha pela frente.
O nível de definição a esta altura da disputa presidencial é o maior registrado desde a redemocratização. Pesquisas realizadas pelo Datafolha entre agosto e setembro de cada ano eleitoral desde 1989 indicam que a indecisão nunca antes esteve abaixo da marca dos 25% a cerca de um mês da votação. As pesquisas não são diretamente comparáveis, mas os patamares indicam que existe uma baixa histórica.
O levantamento do Pulso considera as respostas dos entrevistados na pesquisa espontânea, aquela em que o eleitor diz em quem pretende votar antes de ser apresentado à lista completa de candidatos. Esse dado ajuda a identificar quais nomes já estão na cabeça das pessoas.
No período analisado, a maior taxa de indefinição a um mês do primeiro turno foi observada em 1998. Praticamente metade dos eleitores (48%) dizia ainda não saber em quem votar naquela disputa. É mais que o dobro do percentual de intenções de votos do líder naquela pesquisa, Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, que era citado por 24%.
A polarização da eleição deste ano, em que o atual presidente e um ex-chefe do Executivo concentram juntos três quartos do total das intenções de votos, ajuda a explicar o nível recorde de definição ainda antes do fim de agosto.
— O eleitor tem dúvidas até determinado momento. Ele escolhe o candidato mais parecido com seus ideais e depois pergunta a si mesmo se aquela pessoa tem chances de ganhar. Se achar que a resposta é não, ele muda para quem estiver mais próximo da sua primeira escolha. Em 2022 isso aconteceu muito cedo, antes mesmo da campanha começar — analisa o doutor em filosofia Wilson Gomes, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e autor de “Crônica de uma tragédia anunciada: como a extrema-direita chegou ao poder”.
Na chamada pesquisa estimulada, quando o eleitor é apresentado a uma relação completa dos concorrentes, 44% dizem pretender votar em Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sem essa lista em mãos, o percentual dos que citam o petista é praticamente o mesmo: 40%.
A situação se repete entre os apoiadores do candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). O presidente é citado por 32% na pesquisa estimulada e por 31% na espontânea.
O Pulso registrou o nível recorde de definição dos eleitores no início do mês, quando também havia indicação de baixa no número de votos em branco ou nulos neste ano. Agora, são 9% os que declaram a intenção de não votar em nenhum dos candidatos a presidente, segundo o Ipec divulgado nesta segunda-feira.