Ministra do Meio Ambiente foi aplaudida em painel e fez reunião com presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
Folha de São Paulo – A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), foi aplaudida no painel de abertura do Fórum Aberto de Davos nesta segunda-feira (16) ao declarar que o terceiro governo Lula está comprometido com “desmatamento zero, proteção dos povos indígenas, democracia e sustentabilidade”.
“Há uma grande expectativa em relação ao Brasil, que sempre contribuiu com agendas importantes de sustentabilidade. Infelizmente, nos quatro últimos anos, viramos párias”, disse a brasileira no painel intitulado “Em Harmonia com a Natureza”, que dividiu com personalidades como Hindou Oumarou Ibrahim, presidente da Associação de Mulheres e Povos Indígenas do Chade.
A ministra garantiu que “sustentabilidade não será uma política setorial, mas transversal, passando pelas políticas de energia, indústria, mobilidade, por todos os setores”. “É o que fará a diferença: atuarmos em todas as dimensões. Mas isso não é mágica, nem acontece da noite para o dia”, completou.
Antes de subir ao palco, Marina teve um encontro bilateral com Ilan Goldfajn, presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Ela deixou a reunião animada com as possibilidades de investimentos.
“Há uma abertura muito grande para a cooperação com o Brasil nesse momento em que há uma retomada do protagonismo brasileiro na agenda ambiental global”, afirmou. “Obviamente, os parceiros estão surgindo. Seja em relação às agências multilaterais de financiamento, seja governos, seja filantropia ou por meio de parcerias no campo da inovação tecnológica.”
Ao listar o leque de possibilidades, a ministra disse que é preciso agilidade para aproveitar estas oportunidades que estão surgindo desde a COP27, no Egito, e agora em Davos.
A ampliação do Fundo Amazônia é um exemplo. “Estamos atuando em várias frentes. Com governos, ampliando além de Alemanha e Noruega. Temos tido muitas conversas, como tive na COP, que abriu leque em relação à Espanha, ao Canadá, ao Japão e vários outros países.”
Marina citou também o caminho da filantropia global para atrair mais investimentos para a Amazônia. “Inclusive, já está sendo organizado um grupo de instituições filantrópicas que quer investir no Fundo Amazônia”, afirmou.
Para atrair investimento, o discurso é único. “A mensagem que eu trago é do presidente Lula no discurso de campanha, no discurso da vitória, no discurso no Egito na COP27, no Congresso e subindo a rampa com a sociedade brasileira: é o combate à desigualdade, fortalecimento da democracia, criando um novo ciclo de prosperidade com sustentabilidade econômica, social, ambiental e política”, diz.
Sobre a receptividade ao Brasil nesta edição do Fórum Econômico Mundial, Marina parafraseou o presidente Lula, ao afirmar que “o Brasil está de volta”.
“O mundo estava com saudade desse Brasil que foi capaz de reduzir suas emissões de CO2, evitando que fosse lançado na atmosfera mais de 5 bilhões de toneladas; do Brasil que foi responsável por 80% das áreas protegidas criadas no mundo de 2003 a 2008”, enumerou.
A questão climática, segundo ela, está no mais alto nível das prioridades do governo. “Como a questão do combate ao desmatamento, que é nosso maior vetor de emissão de carbono. Assim como o enfrentamento do garimpo criminoso nas terras das populações indígenas brasileiras.”
No painel em que os debatedores foram convidados a falar sobre ações para promover um estilo de vida positivo para restaurar a saúde do planeta e proteger o bem-estar das futuras gerações, a plateia fez perguntas sobre o compromisso de Marina como membro do governo.
“Sustentabilidade não é só ambiental, mas também social”, respondeu Marina, lembrando que o Brasil voltou a figurar no Mapa da Fome. “Já temos técnica para mudar o mundo que vivemos, falta decisão política e ética.”
Ao ser inquirida como pretende fazer pontes com a ciência e a tecnologia, a ministra fez referência ao governo negacionista de Jair Bolsonaro com relação à pandemia e ao desmatamento. “Tivemos mais de 700 mil mortes por Covid-19, além de destruição na Amazônia”, destacou.
E fechou a fala fazendo uma exaltação ao conhecimento dos povos indígenas. “Não existe uma ciência única. Precisamos de um diálogo de saberes.”
Em sua fala de abertura, a brasileira destacou sua origem, como filha de extrativistas de látex. “A floresta sempre foi lugar de aprendizado, inspiração e conexão”, afirmou, lembrando que “tudo que existe na natureza tem por finalidade promover e sustentar nossa frágil vida”.