Petista tenta amenizar críticas a intenção de revogar reforma trabalhista, sindicatos entregam pauta unificada
Poder 360 – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta 5ª feira (14.abr.2022) a necessidade de se colocar trabalhadores e empresários em uma mesma mesa de negociação para discutir direitos trabalhistas e necessidades do setor produtivo.
“Precisamos fazer um debate justo na sociedade. Nós não queremos negar ao empresário o direito dele falar, mas ele precisa falar em uma mesa de negociação onde o trabalhador possa defender os seus interesses”, disse.
O aceno do petista ao setor empresarial é uma tentativa de amenizar críticas e temores de que um novo governo Lula irá reverter regras acordadas na reforma trabalhista. O ex-presidente tem defendido uma revisão da reforma, mas a sua revogação foi proposta pelo diretório nacional da sigla nesta 4ª feira (13.abr.2022).
“A gente não vai fazer nada na marra. A gente vai fazer negociando com a permissão deles [empresários], para a gente poder exercer o direito de negociar a contratação coletiva e o respeito por aquilo que a gente acorda”, disse.
Lula participou pela manhã, em São Paulo, de encontro com as principais centrais sindicais do país, que entregaram uma pauta unificada do setor. Ao receber o documento, o petista afirmou que ele representava “praticamente um programa de governo”.
“Vocês nos apresentaram uma pauta que não é de reivindicação, é quase um programa de governo. É quase um programa de reconstrução desse país”, disse.
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), indicado a vice na chapa de Lula para concorrer na eleição pela Presidência da República, também participou do encontro. Ele foi saudado por dirigentes como “companheiro”. Em um breve discurso, afirmou que o encontro era histórico e disse que sua intenção é “somar esforços”.
Aos sindicalistas, Lula indicou que, uma eventual negociação entre trabalhadores e empresários pode ser coordenada por Alckmin, caso ambos sejam eleitos.
O petista voltou a criticar a reforma da Previdência, realizada no início do governo de Jair Bolsonaro, e a reforma trabalhista, feita durante o governo de Michel Temer. De acordo com o ex-presidente, os trabalhadores foram excluídos do debate em ambas as reformas.
“Acho que se os empresários brasileiros, de todos os setores, do campo e da cidade, tiverem com o Brasil a preocupação que vocês tiveram nesse documento, não haverá dificuldade para o povo brasileiro voltar a ser feliz”, disse.
Lula também repetiu ser a favor da volta de uma forma de financiamento para os sindicatos, o que, na prática, pode retomar o pagamento de uma espécie de imposto sindical. O ex-presidente argumenta ser preciso alterar a legislação para que a assembleias livres convocadas pelos próprios sindicatos definam com quanto cada trabalhador deverá contribuir.
No documento entregue, as centrais pedem a volta do imposto sindical, ampliação da licença maternidade, formalização do trabalho em aplicativos, dentre outros.