Com o nome de Eco Wheat, a planta foi desenvolvida em parceria com a empresa argentina de biotecnologia Bioceres e resistirá à falta d’água
Metrópoles – A Embrapa vai colher em agosto o primeiro trigo transgênico no Brasil. O grão foi modificado geneticamente para ser mais tolerante à escassez de água, com a adição do gene HB4.
Com o nome de Eco Wheat, a planta foi desenvolvida pela Embrapa, em parceria com a empresa argentina de biotecnologia Bioceres. O primeiro plantio aconteceu em uma área controlada de 70,8 metros quadrados em Brasília, e é adaptado ao ambiente tropical do cerrado.
A plantação foi autorizada em 15 de março deste ano pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Ela havia sido rejeitada duas vezes antes, em 2017 e 2019.
A tecnologia do HB4 usa um gene do girassol (Helianthus annuus) e está sendo desenvolvida de modo integrado com um fungicida biológico e um inseticida biológico. Pesquisas apontam que o gene torna a planta mais resistente a condições extremas e intermediárias de déficit hídrico.
Este e outros estudos serão discutidos nesta semana, durante o Fórum Nacional do Trigo 2022, que acontece desta terça-feira (28/6) até quinta-feira (30/6), em Brasília.
Após a colheita de agosto, pesquisadores da Embrapa Trigo e Embrapa Cerrados vão analisar os resultados e dar início a novos experimentos até que seja possível analisar as limitações e os benefícios do trigo transgênico.
O estudo será finalizado em três anos, mas o cultivo da espécie modificada geneticamente só poderá acontecer após análises legais e comerciais, incluindo o pagamento de royalties para a empresa detentora do gene.
Nesta segunda-feira (27/6), o trigo com HB4 foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), órgão similar à Anvisa, nos Estados Unidos. Para a comercialização, o grão ainda precisa de aprovação do Departamento de Agricultura.
Em maio, a Argentina se tornou o primeiro país a autorizar o plantio comercial do trigo transgênico. Desde então, Colômbia, Austrália e Nova Zelândia já autorizaram o grão para uso em alimentos e rações.