Ministro do STF indicou que a intervenção de qualquer autoridade para impedir ou atrasar o cumprimento do mandado seria considerada prevaricação.
Segundo investigadores da Polícia Federal, o ministro da Justiça, Anderson Torres, recuou da decisão de ir até o local onde estava Roberto Jefferson e ocorreu os ataques aos policias federais por medo de ser acusado de prevaricação.
Em sua decisão, o ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que a ordem de prisão do Roberto Jefferson não poderia sofrer a intervenção de nenhuma autoridade para impedir ou atrasar seu cumprimento sob a pena de ser considerada prevaricação.
O presidente Jair Bolsonaro determinou que o ministro da Justiça, Anderson Torres, fosse ao interior do Rio de Janeiro acompanhar o caso.
Acompanhado do diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes, Torres foi até a delegacia da PF em Juiz de Fora (MG), que fica a 50 km de Comendador Levy Gasparian, onde Jefferson estava. De lá, gravou um vídeo em que disse ter ido ao local “para acompanhar os trabalhos e o desdobramento desses fatos”.
O ministro da Justiça e o diretor-geral chegaram ao Rio de Janeiro nesta segunda (24).
Vídeo foi teatro bolsonarista
Integrantes da Polícia Federal disseram ao blog da jornalista Andreia Sadi estarem indignados com o tratamento dado por outros agentes a Roberto Jefferson.
Um vídeo mostra o ex-deputado, após se entregar, conversando com um policial do grupo de pronta intervenção da PF. Nas imagens, o agente ri enquanto fala com Jefferson. Entre os presentes estava, ainda, o Padre Kelmon.
Ao blog, investigadores classificaram “cafezinho” como um teatro bolsonarista. Isso porque o agente que aparece nas imagens teria ido ao local para “distensionar” a situação. Investigadores disseram também que a operação foi dirigida “politicamente” pelo ministro da Justiça de Bolsonaro.
Jefferson não foi colocado no camburão como determina o procedimento, segundo fontes ouvidas pelo blog. O ex-deputado foi levado preso em um carro blindado, veículo usado para a proteção de presidentes de outros países e para candidatos, como Lula.
Os investigadores apontam que era fato conhecido que Jefferson tinha “arsenal” e que seu registro de CAC poderia ter sido cassado pelo exército, mas não houve recolha do armamento.
Entenda o caso
Roberto Jefferson atirou em policiais federais que cumpriam mandado de prisão determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), neste domingo (23), na cidade de Comendador Levy Gasparian, no interior do Estado do Rio de Janeiro.
O ex-deputado resistiu a prisão, atacou os policiais a tiros e com pelo menos três granadas, ferindo dois policiais. Os agentes reagiram ao ataque, mas não invadiram o local.
O ataque de Jefferson aconteceu no começo da tarde, mas o ex-deputado só foi preso após 8h de resistência à prisão. O ex-deputado só chegou ao Presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio, cerca de 14 horas depois de receber voz de prisão da PF.
Jefferson estava em prisão domiciliar desde 25 de janeiro deste ano com base no inquérito que apura a atuação de uma organização criminosa que atenta contra a democracia.
A prisão domiciliar havia sido determinada pelo próprio ministro Alexandre de Moraes. Antes de receber o benefício, Jefferson passou cinco meses preso no Complexo Prisional de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio.
A revogação do benefício por Moraes se deve ao descumprimento de medidas da prisão domiciliar, como passar orientações a dirigentes do PTB, receber visitas, conceder entrevista e compartilhar fake news que atingem a honra e a segurança do STF e seus ministros, como fez ao ofender a ministra Cármem Lúcia.