Pré-candidato à Presidência pelo PSDB afirma que o Brasil “está farto” de clima de guerra e que conversa com Bolsonaro, neste momento, é “difícil”
CNN Brasil – O ex-governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência pelo PSDB, João Doria, afirmou nesta quinta-feira (28) que o Brasil “está farto” de “guerra e conflito” e admitiu estar aberto ao diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT, mesmo mantendo posições antagônicas em relação às políticas defendidas pela esquerda.
A declaração foi feita durante sabatina promovida pelo portal UOL em parceria com a Folha de S.Paulo, um dia depois de Doria afirmar ao jornal Valor Econômico que respeitava Lula, a quem já fez duras críticas no passado. Na entrevista ao jornal, o ex-governador disse que o petista e o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), não são parecidos.
“O Lula não é Bolsonaro, o Lula é inteligente e tem passado. Eu tenho posições diferentes das dele, mas tenho respeito por ele. Já Bolsonaro não merece o meu respeito. Eu sou um liberal social”, afirmou ao jornal.
Nesta quinta-feira, o tucano voltou a falar sobre uma possível aproximação com o petista, mas destacou que um diálogo com a direita ― e inclusive com Bolsonaro, caso o presidente mude algumas posições ― também seria possível.
“Tenho posições muito distintas em relação ao PT, mas isso não me impede de manter relação respeitosa com seus líderes. Aliás, eu tenho vários amigos que estão no PT, que estão no PL, partido do presidente Bolsonaro, com os quais me relaciono e dialogo. A boa educação e a civilidade devem ser preservadas. Só não existe em regimes e em pessoas autoritárias”, afirmou.
Doria tem criticado o que chama de clima de guerra no país. “Não estabelecer guerra e conflito, o Brasil está farto disso, precisa de calma, paz e harmonia para poder, com o diálogo, sobretudo após as eleições presidenciais, construir um novo país. O Brasil andou para trás fortemente”, disse.
De acordo com ele, embora esteja “no horizonte” manter o diálogo aberto com a esquerda, uma aproximação ainda no primeiro turno, “do ponto de vista eleitoral”, não deverá acontecer.
Questionado se também conversaria com Bolsonaro, o ex-governador paulista disse que o diálogo, neste momento, é “difícil”. Ele afirmou que não votaria no presidente, num eventual segundo turno em outubro.
“Se Bolsonaro compreender que é preciso respeitar a Constituição, a democracia, a liberdade de imprensa, o diálogo e o entendimento com todos os brasileiros, ainda que ele mantenha posições extremadas à direita, tenha suas posições contra as quais, quase todas elas, eu me coloque de maneira antagônica, se quiser dialogar, não há razão de fechar o diálogo, seja com ele, seja com aqueles que o seguem e estão ao seu lado. Nós temos que dialogar”, afirmou.