Papa Francisco presidiu missa fúnebre do papa emérito Bento XVI, que reuniu milhares de pessoas na Praça São Pedro, no Vaticano
Nesta quinta (5), o papa Francisco presidiu a missa exequial que encerrou o funeral do papa emérito Bento XVI, que desde a última segunda (2) recebeu as homenagens de mais de 200 mil pessoas, quando seu corpo foi exposto em velório aberto na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Na noite de ontem (4), o caixão de Joseph Ratzinger foi fechado. O caixão é triplo, com uma cobertura em cipreste, outra em zinco e uma última em carvalho. Nele também estão diversos objetos relacionados ao papa emérito. Entre eles, o Regito, texto que fica em cilindro de metal e que conta a história de vida de Joseph Ratzinger, desde que ele nasceu até sua morte.
O papa Francisco, muito emocionado, exaltou a vida de fé e de trabalho do amigo. “Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz”, disse, em um dos momentos da missa exequial.
“Como as mulheres do Evangelho junto ao túmulo, estamos aqui com o perfume da gratidão e o unguento da esperança para mostrar-lhe, mais uma vez, o amor que não se perde; queremos fazê-lo com a mesma unção, sabedoria, delicadeza e dedicação que ele conhecia”, exaltou papa Francisco.
Após o funeral, o caixão repousará nas Grutas do Vaticano.
Cerca de 4,5 mil religiosos acompanharam a cerimônia.
A cerimônia, que começou às 8h45 (horário local, 4h45 no horário de Brasília), foi marcada por um clima sóbrio. Os sinos bateram 10 vezes, e os presentes aplaudiram. O caixão de carvalho foi levado de dentro da basílica para a praça. Então, o secretário pessoal de Bento XVI, cardeal Georg Gänswein, colocou um Evangelho em cima do caixão.
A imagem lembra muito o funeral de João Paulo II, que também levou um Evangelho sobre o caixão. À época, quem presidiu a cerimônia foi o próprio Ratzinger.
Francisco chegou por volta das 9h20 (horário local), em cadeira de rodas. Ao lado dele, cerca de 130 cardeais, 400 bispos e quase 3.700 sacerdotes. As primeiras palavras foram: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Também são as últimas falas de Jesus Cristo na cruz.
Vida
Joseph Aloisius Ratzinger nasceu em 16 de abril de 1927, em uma pequena vila chamada Marktl am Inn, na Baviera, Alemanha, às margens do rio Inn. Seus pais eram Joseph, um comissário de polícia, e Maria Peintner.
Ele entrou no seminário em 1939 e se tornou padre em 29 de junho de 1951. Na tarde de 19 de abril de 2005, Ratzinger foi escolhido como papa para suceder o futuro santo João Paulo II, que exerceu a função por 26 anos, 5 meses e 17 dias.
Depois de dois dias e quatro rodadas de conclave, às 17h56 (horário local), a chaminé da Capela Sistina exalou a fumaça branca: havia sido escolhido o 265º sucessor de Pedro. Então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Ratzinger pediu para ser chamado de Bento XVI.
A explicação: ele queria se inspirar na coragem de Bento XV (1914-1922) durante a 1ª Guerra Mundial. E também em São Bento de Núrsia, copadroeiro da Europa, chamado de Patriarca do monarquismo ocidental.
O papa emérito renunciou ao cargo em 2013, algo que não aconteceu em 600 anos. Desde então, vivia em um antigo convento dentro dos jardins do Vaticano, com o secretário dele, o arcebispo Georg Ganswein, auxiliares e uma equipe médica.
Bento XVI só veio uma vez ao Brasil. A visita ocorreu em 2007. O ponto alto foi a canonização de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, o primeiro santo brasileiro, no dia 11 de maio daquele ano. Do ponto de vista apostólico, porém, a principal razão veio a ser o início da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, em Aparecida, no interior de São Paulo.