Em entrevista à RPC, Leonardo Arruda relembrou a festa e afirmou que família quer justiça e o fim do ódio. Marcelo Arruda foi morto em Foz do Iguaçu, no último fim de semana.
G1 – O filho de Marcelo Arruda, petista que foi morto a tiros enquanto comemorava o próprio aniversário em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, afirmou que espera que a morte do pai dele não se torne em palanque eleitoral.
Marcelo foi morto no último fim de semana por Jorge Guaranho, que é um policial penal apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Guaranho também foi baleado e está internado em estado grave.
Em entrevista à RPC, Leonardo de Miranda Arruda, de 26 anos, disse que não quer que a morte do pai seja usada durante a campanha eleitoral e pediu por justiça e paz.
“Só espero que tudo isso não se torne um palanque eleitoral de ambas as partes, que, realmente, seja quem for, brigue pela paz. Se for para brigar, que brigue para ter paz, justiça e pelo fim do ódio. Se for para brigar, que seja pelo fim do ódio. Não brigar por diferenças políticas, seja qual partido for, seja qual candidato for. Que não use a morte do meu pai para campanha eleitoral”, afirmou.
Marcelo Arruda era filiado ao PT e foi candidato a vice-prefeito nas eleições de 2020. Ele era tesoureiro do partido em Foz do Iguaçu e trabalhava como guarda municipal.
Leonardo contou que o pai tinha muita admiração pelo ex-presidente Lula e que resolveu fazer a festa de aniversário de 50 anos com o tema do PT depois de ver a foto de um bolo.
“Ele me mandou a foto do bolo e falou: ‘Pensei nesse tema, o que você acha?’, Eu falei: ‘Maravilha, porque é uma coisa que você gosta’. Eu sou palmeirense, é a mesma coisa que eu fazer um bolo, uma festa, com tema do Palmeiras. É uma coisa que eu gosto muito e, nesse caso, é como se fosse um outro rival ir lá e acabar com a minha festa por causa disso.”
Filho relembra crime
Leonardo relembrou momentos da festa de aniversário de Marcelo Arruda. Segundo ele, a comemoração estava alegre. Amigos e familiares participaram do aniversário, incluindo pessoas com posições políticas diferentes.
“Sabe, despreocupado com tudo e preocupado somente em curtir sua festa, um aniversário, uma comemoração. Não é nem por festa, pelos 50 anos, mas por uma comemoração, estar junto de pessoas que você gosta, pessoas que você ama. Pessoas que nem eram simpáticas pelo PT, pelo contrário, eram simpáticas pelo Bolsonaro, curtindo a festa, batendo palma e brincando também”, contou o filho de Marcelo.
No fim da noite, Leonardo disse que um carro com música alta se aproximou do salão de festas. Ele contou ainda que o pai não conhecia o motorista e pediu para que o homem deixasse o local.
Em seguida, Leonardo contou que Guaranho ameaçou pessoas que estavam na festa.
“Eu só ouvi que meu pai falou: ‘Aqui é polícia, irmão. Sai fora daqui. Aqui é uma festa. A gente está comemorando. Sai fora. Uma festa de família, por favor, sai fora’. E o cara falou: ‘Eu vou matar todos vocês, petistas. Eu vou matar todo mundo. Eu vou matar todos vocês'”.
Depois disso, Leonardo resolveu levar o irmão dele embora, porque ficou preocupado. Ele contou que pediu ao pai que se cuidasse e não deixasse que nada de mau acontecesse.
No caminho de volta para a festa, após deixar o irmão em casa, Leonardo recebeu a informação que algo tinha acontecido. Ao chegar ao salão, Marcelo estava sendo socorrido.
“A nossa bandeira que a gente está levantando é pela paz e pela justiça, pelo fim desse ódio todo. São dias de pesadelo para a gente, mas a gente tem plena convicção que não queremos que esse ódio aconteça, que mais pessoas morram por causa desse ódio de política”, afirmou.