Pekka Haavisto afirmou que invasão russa à Ucrânia mudou a opinião pública finlandesa e a posição do país sobre uma possível adesão à aliança
Depois das ameaças russas à Finlândia e Suécia sobre uma possível entrada dos dois países na OTAN, o ministro das Relações Exteriores finlandês, Pekka Haavisto, afirmou que o país está “preparado” para qualquer ação russa.
“A Finlândia tem um exército bastante forte. Temos mais de 280 mil reservistas, temos um exército de recrutamento, acabamos de investir em caças F-35, 60 deles estão vindo para a Finlândia e assim por diante. Portanto, temos cuidado muito bem de nossas forças de defesa nacional. Mas é claro que vivemos em um mundo, como vemos no ataque da Rússia contra a Ucrânia, que também aparecem novas ameaças à segurança” disse o chanceler.
Em entrevista para a CNN, Haavisto também afirmou que “através de uma cooperação mais estreita com a Otan, podemos lidar com todas essas diferentes ameaças”.
Antes militarmente neutra, a posição da Finlândia no tabuleiro da geopolítica europeia, a natureza do ataque russo à Ucrânia mudou o modo de agir dos filandeses.
“Primeiro, a Rússia está pronta para assumir riscos maiores em sua vizinhança. Em segundo lugar, eles podem concentrar mais de 100 mil soldados nas fronteiras em qualquer momento, como vimos na fronteira da Ucrânia. E terceiro — isso é mais uma especulação aberta — o uso potencial de armas nucleares ou mesmo químicas. É claro que tudo isso está afetando também a segurança finlandesa”, disse o ministro das Relações Exteriores.
Segundo a primeira-ministra Sanna Marin, a Finlândia espera encerrar as discussões sobre a potencial candidatura do país à adesão à Otan “em meados do verão”. Haavisto disse à CNN que a invasão da Ucrânia pela Rússia mudou o discurso público dentro de seu país.
A nova postura da Finlândia pode influenciar as decisões também da Suécia.
Uma autoridade sueca disse anteriormente à CNN que o país poderia tornar sua posição pública mais cedo, dependendo de quando a vizinha Finlândia o fizer.
“Vimos uma grande mudança na opinião pública na Finlândia durante as últimas semanas. Uma clara maioria da população está agora apoiando a adesão à Otan. O parlamento finlandês discutirá este assunto nas próximas semanas e, se a maioria se declarar a favor, o processo prosseguirá. Então, dependerá dos 30 estados-membros da Otan o quão rápido o processo pode ser”, acrescentou.
Ameaça nuclear
Nesta quinta (14), o governo russo ameaçou a Finlândia e a Suécia com um ataque nuclear em caso de aliança com a OTAN.
Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia,
falou: “Não se poderá falar mais de um Báltico livre de armas nucleares, o equilíbrio tem de ser reposto”, resumiu.
O ex-presidente russo, entre 2008 e 2012, continuou sua fala afirmando que, em caso de um ataque nuclear, a Rússia estaria sendo forçada a tomar essa medida. “Até hoje, a Rússia não tomou tais medidas e não iria. Mas se nossa mão for forçada… Tome nota que não fomos nós que propusemos isso”, completou.