Coordenador do InfoGripe ressalta importância de manter o esquema vacinal atualizado e usar máscaras nas situações indicadas
O Globo – O novo Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta sexta-feira, aponta para a alta dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causados pela Covid-19 em 12 estados brasileiros. São eles: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. O relatório destaca ainda que a doença corresponde a 47% das infecções respiratórias diagnosticadas nas últimas quatro semanas, com tendência de alta.
A análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), do Ministério da Saúde, até o dia 14 de novembro. Para o pesquisador da Fiocruz e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, o cenário reforça a importância de a população atualizar o esquema vacinal contra a doença.
Segundo o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, do Ministério da Saúde, são indicadas duas doses de 3 a 11 anos; três doses para aqueles entre 12 e 39 anos e quatro doses para adultos com mais de 40 anos. No caso dos acima de 18 anos que também são imunossuprimidos, há a orientação para uma aplicação extra.
Além disso, o Brasil deu início recentemente à imunização de bebês com comorbidades a partir de 6 meses com três aplicações.
Embora ressalte o papel das vacinas, Gomes também chama atenção para a orientação do uso de máscaras em determinados locais com o objetivo de reduzir a circulação do vírus.
“A vacina é muito importante para diminuir o risco de agravamento, mas o seu papel é um pouco menor na transmissão. Por isso, é fundamental que a gente volte a utilizar boas máscaras em situações específicas, ou seja, em transporte público, locais fechados e situações com muita gente em um espaço relativamente pequeno. É vacina no braço e máscara no rosto”, defende o cientista da Fiocruz.
Casos de SRAG
Nas últimas quatro semanas, a prevalência dos casos de SRAG associados à Covid-19 chegou a 47%. Enquanto isso, 24,2% foram causados pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que causa bronquiolite em crianças; 10,3% foram associados ao Influenza A e 0,3% ao Influenza B – ambos causam a gripe.
Entre os óbitos, o percentual foi de 83,6% pelo Sars-CoV-2, vírus da Covid-19, 4,1% para Influenza A e 1,4% para VSR. Não houve um número de mortes significativo ligado ao Influenza B.
Os dados do InfoGripe apontam para o crescimento de SRAG principalmente na população adulta acima de 60 anos nos estados com aumento pela Covid-19. Nas demais unidades da federação, a alta da síndrome é concentrada no público infantil.
Em relação à gripe, observa-se uma queda em estados que tiveram crescimentos recentes nos últimos dois meses. Em São Paulo, o boletim destaca que o VSR representa uma parcela expressiva das infecções entre crianças de 0 a 4 anos.