Levantamento foi divulgado pela Hutukara Associação Yanomami (HAY). Monitoramento aponta um crescimento de 309% no desmatamento associado ao garimpo, se comparado a outubro de 2018.
Segundo levantamento feiro pela Hutukara Associação Yanomami (HAY), o desmatamento na Terra Indígena Yanomami cresceu 54% em 2022, com 5.053 hectares devastados. Esse desmatamento é associado a atividade ilegal que ocorre dentro do território.
O garimpo, principal razão da emergência em saúde pública na região, teve um aumento exponencial desde 2018, que foi quando a associação passou a fazer o acompanhamento. Segundo dados, no primeiro ano foram 1.26 hectares devastados, o que representa uma alta de 309% no ano passado.
O Sistema de Monitoramento do Garimpo Ilegal é feito pela associação com imagens da Constelação Planet, satélites de alta resolução espacial. Eles são capazes de detectar com precisão e mais frequência de vigilância áreas muitas vezes não capturadas por outros satélites. Os dados mostram o desmatamento na área que é preservada, mas que é alvo da atividade garimpeira.
A Terra Indígena Yanomami é o maior território indígena do país, com mais 10 milhões de hectares. O número corresponde a extensão aproximada do estado do Pernambuco.
No local, vivem pouco mais de 30 mil indígenas na área que deveria, por lei, ser preservada. No entanto, tem sofrido com o avanço do garimpo ilegal. A HAY estima que, com a atividade irregular, 20 mil garimpeiros estejam no local.
As maiores concentrações de destruição estão no rio Uraricoera, ao Norte da Terra Indígena Yanomami — a principal via fluvial usada pelos garimpeiros para chegar aos acampamentos dentro do território. Seguida pelo rio Mucajaí, na região central, e a região de Homoxi, na cabeceira do Mucajaí.
Segundo o geógrafo Estêvão Benfica, assessor do Instituto Socioambiental (ISA), a invasão do garimpo afeta a saúde da comunidade.
“Afeta as disseminações de doenças, deterioração no quadro de saúde das comunidades, produção de conflitos intercomunitários, aumento de casos de violência e diminuição da qualidade de água da população com destruição dos corpos hídricos. Tudo isso somado compromete a capacidade de viver nas comunidades”, detalhou.
No relatório Yanomami Sob Ataque, divulgado em abril do ano passado, a associação alertou que ao menos 110 comunidades da Terra Indígena Yanomami são diretamente afetadas pelo desmatamento, destruição e a contaminação das águas e dos solos causados pelo garimpo ilegal.
Avanço da malária
O aumento da devastação causa ainda a proliferação de doenças, como a malária. Segundo o geógrafo, a mobilidade dos garimpeiros pelo território levam novas cepas de malária de uma região para outra.
Dados do Sivep Malária, sistema de monitoramento do Ministério da Saúde, mostram que entre 2020 e 2021, mais de 40 mil casos de malária foram registrados na Terra Indígena Yanomami. A explosão de casos da doença coincide com o aumento da área devastada.