Lula tinha adiado apresentação para depois da viagem, agora cancelada; membros do governo ponderam que outros temas podem ganhar atenções do mandatário
Folha de São Paulo | O cancelamento da viagem do ministro Fernando Haddad (Fazenda) à China abre chances para que a definição da nova regra fiscal avance nesta semana.
Na sexta-feira (24), Haddad havia afirmado que a proposta está fechada pela área técnica e que novas informações seriam apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias. “Agora vamos voltar para o presidente com as respostas às perguntas que ele fez, e só marcar a data [do anúncio]”, afirmou.
Havia uma expectativa, no entanto, de que a nova regra fosse anunciada apenas após a viagem do presidente e de ministros à China –que foi cancelada diante do quadro de saúde de Lula, que trata uma pneumonia.
Haddad reforçou que a palavra final do novo modelo fiscal será sempre do presidente. “Ele pode fazer novas perguntas. Mas as que foram feitas na reunião de sexta passada [17] já estão elucidadas”, disse.
Membros da área econômica do governo afirmam à Folha que ainda é cedo para falar em alguma alteração sobre o cronograma de conclusão da proposta.
Apesar de Lula agora poder se voltar mais a assuntos domésticos na próxima semana, a visão de que é possível que outros temas na área política também ocuparem a agenda do mandatário – como o imbróglio sobre a tramitação das MPs (medidas provisórias) e a marcha dos prefeitos, marcada para 27 a 30 de março.
O cronograma sobre o andamento da proposta da regra fiscal é acompanhado de perto pelo mercado, já que a regra –que substituirá o atual teto de gastos– deve servir como principal referência para a trajetória das contas públicas nos próximos anos.
O governo tem até agosto para apresentar sua proposta, conforme exige uma emenda constitucional promulgada no ano passado. Mas Haddad decidiu antecipá-la como forma de aceno ao mercado diante do receio de investidores sobre a responsabilidade fiscal do governo.
O ministro ensaiou apresentar a proposta antes da viagem da China, mas Lula disse publicamente que achava melhor que Haddad conversasse mais sobre a proposta com a classe política e economistas. Além disso, o presidente prefere que Haddad esteja no Brasil para a repercussão sobre a proposta anunciada.