Ministro da Fazenda, Fernando Haddad disse que nomes de novos diretores do BC serão enviados para análise do Senado após a viagem à China
Nesta quarta (5), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo federal irá enviar ao Senado os nomes dos indicados para duas diretorias do Banco Central. O anúncio dos indicados deve ser feito após a viagem de Lula (PT) à China, que Haddad irá acompanhar.
Os dois nomes designados devem assumir a diretoria de Política Monetária – uma das mais importantes do BC, por ter relação direta com o mercado financeiro; e a diretoria de Fiscalização.
Questionado por jornalistas se discutiu as indicações ao BC com Lula em reunião na terça-feira (4/4), o ministro confirmou: “Tratamos disso”. “Depois da China, a gente vai encaminhar os nomes para o Senado”, concluiu o ministro, antes de entrar na sede do ministério.
Os indicados são publicados no Diário Oficial da União (DOU) e submetidos à análise do Senado Federal. Primeiro, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) sabatina os indicados e, em seguida, eles precisam ser aprovados pelo Plenário da Casa.
Nomes cotados para as duas diretorias já circulam nos bastidores. Na semana passada, Bruno Serra Fernandes foi exonerado do cargo de diretor de Política Monetária. Seu mandato havia se encerrado em fevereiro, mas ele seguia interinamente no cargo. A exoneração ocorreu “a pedido”, ou seja, solicitada por ele mesmo, e é retroativa a 23 de março. Lula teria escolhido Rodolfo Fróes como sucessor de Fernandes.
Para a diretoria de Fiscalização, o nome apontado é o do servidor de carreira do BC Rodrigo Monteiro. Neste caso, o atual diretor, Paulo Souza, segue no posto interinamente, pois seu mandato também se encerrou em fevereiro.
Essas são as primeiras vagas abertas na cúpula do BC durante o governo Lula.
Neste ano, Lula poderá substituir até quatro diretores da autoridade monetária. Além de Souza e Fernandes, Maurício Moura (Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta) e Fernanda Magalhães (Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos) terão seus mandatos encerrados. Em tese, eles também podem ser reconduzidos.
Copom
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, e oito diretores da instituição compõem o Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a taxa básica de juros, a Selic. Com a entrada de dois nomes chancelados por Lula, o presidente da República deve ter mais apoio nas reuniões do colegiado.
Nos últimos meses, Lula tem criticado Campos Neto e o BC por manterem a Selic em 13,75% ao ano, patamar considerado muito alto pelo governo, que culpa os juros pela desaceleração econômica do país.
Na última reunião do Copom, na semana passada, a decisão pela manutenção da Selic foi unânime.
Novo arcabouço fiscal
Haddad tem reunião, na manhã desta quarta, com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, no Palácio do Planalto. Trata-se de uma reunião de rotina da Junta de Execução Orçamentária (JEO). Segundo ele, na reunião também devem discutir o texto do novo arcabouço fiscal, regra que vai substituir o teto de gastos.
“Devemos bater o texto [do arcabouço] para encaminhar para o Congresso semana que vem”, disse.
O envio ao Congresso do projeto do novo arcabouço foi adiado e deverá chegar à Câmara dos Deputados até terça-feira da próxima semana (11/4), como informou ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Segundo ela, a equipe econômica vai aproveitar o recesso de Semana Santa para fazer os ajustes finais no texto.
Ao ser perguntado sobre a avaliação positiva sobre o arcabouço apresentada nesta quarta por Campos Neto, Haddad respondeu: “Nós vamos construir a harmonia necessária para o Brasil crescer”.