Para o ex-jogador, a conquista da Copa América fortalece o ânimo da seleção em busca do tricampeonato
Globo Esporte – Autor do gol do título mundial da Argentina na Copa de 1986, Jorge Burruchaga está confiante no fim da longa espera do seu país pelo tricampeonato. Em entrevista ao jornal Al Arabi Al Jadid, o ex-meia de 60 anos vê a equipe mais preparada e, principalmente, confiante.
Entre as razões do otimismo estão a invencibilidade de 34 jogos da equipe dirigido por Lionel Scaloni e o efeito positivo da conquista da Copa América de 2021, no Maracanã, encerrando 28 anos de jejum de conquistas da Argentina.
— Não é pouca coisa estar há 35 jogos invicto, com um time consolidado. Obviamente, depois de vencer a Copa América no Brasil, o time se libertou, e a figura de Leo (Messi) se manifesta mais do que a de qualquer jogador. A Argentina tem potencial em termos do grupo, o que normalmente vem fazendo há muito tempo. Quanto às características, o treinador pode dar-lhe diferentes possibilidades, tendo à frente Messi — afirmou Burruchaga.
A Argentina está no Grupo C e vai estrear na Copa do Mundo contra a Arábia Saudita, dia 22 de novembro. Depois, jogará na primeira fase contra México, dia 26, e Polônia, dia 30.
Titular na Copa de 86, no México, Burruchaga tinha marcado apenas um gol durante a campanha, o último da vitória por 2 a 0 sobre a Bulgária, na primeira fase. Voltou a balançar as redes na hora mais importante. Depois de abrir 2 a 0 na final, a Argentina viu a Alemanha alcançar o empate aos 35 do segundo tempo. Três minutos depois, Burruchaga recebeu lançamento perfeito de Maradona e fez o gol do bicampeonato mundial da Argentina.
Burruchaga destaca que um feito como o dele, nos dias de hoje, teria muito mais repercussão do que na época.
— Se a Argentina conseguir vencer (a Copa) e esse gol for marcado por Messi, será um pouco mais. Mas se alguém menos conhecido fizer isso, será mais conhecido do que éramos naquela época. Mas, não é nem mais nem menos do que atingir o objetivo mais difícil que um jogador de futebol tem, que é jogar com seu time, ganhar um título, marcar um gol. É o que sempre digo que entre tantos jogadores que tentam eu fui um desses, como poucos na história do futebol argentino. Como digo há 36 anos, foi a maior alegria da minha vida.
Burruchaga destaca Brasil e França como principais adversários da Argentina na briga pelo título mundial, mas acredita que esta Copa tem muitas seleções em condições de surpreender.
— Você tem muitas equipes que tem que respeitar. Algumas com muita história. A Alemanha é uma seleção que no futebol nunca pode ser desprezada ou desrespeitada porque em Copas do Mundo sempre se diz presente, exceto na Rússia. Você tem equipes de segundo nível, se você quiser chamar assim, que são muito boas, como Portugal, Dinamarca, Bélgica, Holanda, Espanha, através da juventude que Luis Enrique tem em sua equipe. A Croácia é outra. Uruguai sempre dá dores de cabeça. O Equador tem uma ótima seleção. Digo que é uma Copa do Mundo diferente do passado, com muitos times mais competitivos — afirmou.
Para Burruchaga, a Argentina tem a seu favor dois pontos fortes: a coletividade e, claro, um trunfo chamado Lionel Messi.
— Acho que o Leo tem um time, diferente da última Copa do Mundo, que lhe dá muitas chances de passes e dribles. Embora não tenha a frequência de antes, ainda tem aquelas pinceladas que o tornam diferente. Valorizo o bom time da seleção argentina. A equipe, além de uma grande individualidade, tem o que você vê: essa equipe não são dois ou três solitários além de um gênio. São futebolistas que entendem, que jogam, que lutam pelo seu objetivo e isso a tornou sólida.
Contemporâneo de Maradona e admirador de Messi, Burruchaga evita comparar os dois grandes ídolos futebol argentino.
— Ambos, honestamente, são além do tempo. Diego era um jogador que poderia atuar como atacante, como ponta-de-lança, como meio-campista, como assistente. Leo até esses últimos três anos era horizontal e vertical, mas nos últimos 30 metros, sua velocidade e avanços eram superiores a Diego. Mas acho que as diferenças que existem, e o bom de tudo isso, como sempre digo, é que ambos são argentinos e temos que aproveitar.