Líder indígena informou à PF e confirmou ao GLOBO que grupo estava na floresta após confronto com garimpeiros em Roraima
O Globo – Ianomâmis que estavam desaparecidos após confronto com garimpeiros foram encontrados, disse em depoimento à Polícia Federal o líder indígena Júnior Hekurari, que confirmou o relato ao GLOBO. Segundo ele, o grupo foi localizado em uma área de floresta.
Os indígenas, que residiam na comunidade de Aracaçá, se mudaram para outros locais da terra indígena, dentro da comunidade Palimiú. A informação foi dada inicialmente pela Folha de S. Paulo e confirmada pela reportagem.
O sumiço na terra Yanomami em Roraima foi denunciado pelo conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami Ye’kwana (Condisi-YY). A entidade, presidida por Hekurari, divulgará uma nota para explicar o episódio.
A Polícia Federal promove nesta sexta-feira uma coletiva em que vai detalhar as investigações sobre denúncias de estupro e homicídio contra indígenas da comunidade Aracaçá e a prisão do garimpeiro Eliézio Monteiro Nerj. Detido nesta quinta-feira, ele estava foragido da Justiça após ser condenado por participar de um genocídio de ianomâmis há quase três décadas. O Massacre do Haximu, como ficou conhecida a série de assassinatos, deixou 16 mortos em 1993.
O aumento da exploração da Terra Indígena Yanomami pelo garimpo ilegal tem criado um cenário de terror e medo nas mais de 350 comunidades existentes no território, que sofrem com fome, exaustão, doenças e violência, incluindo abuso sexual de mulheres e crianças em troca de comida, como mostrou O GLOBO.
Em abril, lideranças ianomâmis denunciaram o assassinato de uma menina indígena de 12 anos que teria sido estuprada antes de morrer. Os indígenas também relataram que um criança de 3 anos foi jogada no rio e estava desaparecida. O caso ocorreu após suposto ataque e tentativa de sequestro de indígenas por garimpeiros.
A PF afirmou que não encontrou indícios de homicídio e estupro ou de óbito por afogamento na terra Yanomami. Em comunicado, o órgão disse que as diligências no local haviam sido finalizadas e que os agentes retornaram a Boa Vista.
— Os garimpeiros invadiram a comunidade levaram uma mulher e uma adolescente, de 12 anos de idade. Os garimpeiros violentaram e ocasionou o óbito. O corpo da adolescente ainda está na comunidade e vamos fazer um voo agora para trazê-la ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer os exames e constatar se ela foi abusada. A mulher tinha 28 anos e estava com uma criança de colo, que teria morrido afogada no rio — afirmou Hekurari ao GLOBO.