Foi a menor variação mensal desde abril do ano passado, quando ficou em 0,31%. Resultado foi favorecido pela queda de 7,95% no custo da energia elétrica. Passagens aéreas e os remédios foram os vilões do mês.Foi a menor variação mensal desde abril do ano passado, quando ficou em 0,31%. Resultado foi favorecido pela queda de 7,95% no custo da energia elétrica. Passagens aéreas e os remédios foram os vilões do mês.
G1 – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, desacelerou para 0,47% em maio, após alta de 1,06% em abril, segundo divulgou nesta quinta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da menor variação mensal desde abril do ano passado, quando ficou em 0,31%. Em maio de 2021, a variação havia sido de 0,83%.
Em 12 meses, o IPCA passou a acumular alta de 11,73%, contra o 12,13% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. No ano, os preços ao consumidor subiram em média 4,78%.
Apesar de ter desacelerado em maio, já são 9 meses seguidos com a inflação anual rodando acima dos dois dígitos. A inflação acumulada em 12 meses é a maior para maio desde 2003, quando ficou em 17,24%
O resultado veio melhor do que o esperado. A mediana das projeções colhidas pelo Valor Data estimava alta de 0,59% no mês e inflação de 12,13% em 12 meses.
O que ajudou a segurar a inflação?
Apesar da desaceleração da alta, 8 dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram aumento de preços em maio. A maior variação veio do grupo Vestuário, com alta de 2,11%. Já o que mais pesou no IPCA de maio foi o grupo Transportes (1,34%), com impacto de 0,30 ponto percentual na taxa do mês.
O único grupo a apresentar queda foi Habitação (-1,70%), beneficiado pelo recuo do preço da energia elétrica (-7,95%). Em 16 de abril, cessou a cobrança extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos, relativa à bandeira Escassez Hídrica, passando a vigorar a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz.
Veja a inflação de maio para cada um dos grupos pesquisados
- Alimentação e bebidas: 0,48%
- Habitação: -1,7%
- Artigos de residência: 0,66%
- Vestuário: 2,11%
- Transportes: 1,34%
- Saúde e cuidados pessoais: 1,01%
- Despesas pessoais: 0,52%
- Educação: 0,04%
- Comunicação: 0,72%
Alta dos combustíveis desacelera
Os combustíveis subiram 1%, mas desaceleraram em relação ao mês anterior (3,20%). Na gasolina, a alta passou de 2,48% em abril para 0,92% em maio. Houve ainda queda no preço do etanol (-0,43%), que, em abril, havia subido 8,44%.
Apesar da desaceleração dos combustíveis em geral, o óleo diesel teve uma alta de mais de 3,72%. “Só que o produto tem um peso pequeno no IPCA, impactando mais transportes pesados como caminhões e ônibus”, destacou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Em 12 meses, a gasolina ainda acumula alta de 28,73%, o etanol, de 25,31%, e o diesel, de 52,27%.
Passagens aéreas e remédios mais caros
Os vilões da inflação no mês de maio foram as passagens aéreas e os remédios.
As passagens aéreas subiram 18,33%, representando o maior impacto individual positivo no índice do mês (0,08 ponto percentual), juntamente com os produtos farmacêuticos que tiveram alta de 2,51%, respondendo também por um peso 0,08 p.p. do IPCA mensal.
“Vale fazer uma ressalva de que a coleta das passagens aéreas é feita dois meses antes. Neste caso, os preços das passagens aéreas foram coletados em março para viagens que seriam realizadas em maio”, destacou o gerente da pesquisa.
No caso dos produtos farmacêuticos, o governo autorizou em abril um reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos. Segundo o IBGE, esse reajuste pode ter sido aplicado pelos varejistas de forma gradual, tendo reflexo no índice tanto em abril quanto em maio, embora a variação tenha sido menor neste último mês.
Os planos de saúde, por sua vez, tiveram queda (-0,69%). O IBGE destacou, porém, que o reajuste de 15,5% aprovado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para planos de saúde individuais será incorporado a partir da próxima leitura do IPCA-15 de junho.
Tomate e cenoura recuam, cebola dispara
Nos alimentos, houve queda nos preços de itens que haviam pressionado o índice no mês anterior, como tomate (-23,72%) e batata-inglesa (-3,94%). Houve recuo também nos preços da cenoura (-24,07%), embora a variação acumulada em 12 meses ainda seja de 116,37%.
Entre as altas, o preço da cebola saltou 21,36%. A maior pressão no grupo, porém, veio do leite longa vida (4,65%), que já acumula 28,03% de variação no ano.
De acordo com o gerente da pesquisa, um dos principais fatores para a desaceleração da inflação em maio se deve à queda de preços de produtos alimentícios.
Segundo ele, o índice de difusão mostra que, em maio, houve aumento de preços de 72% dos produtos e serviços investigados – em abril, essa taxa foi de 78%. “O índice de difusão para os produtos não alimentícios ficou em 78%, o mesmo de abril, enquanto o índice para os produtos alimentícios caiu de 79% para 75%”, apontou.
A desaceleração no grupo alimentos e bebidas foi puxada pela alimentação no domicílio, que passou de 2,59% em abril para 0,43% em maio, enquanto a fora do domicílio ficou praticamente estável (de 0,62% para 0,61%).
Entre as regiões, a maior alta foi em Fortaleza (1,41%). Já Vitória registrou deflação (-0,08%) em maio, principalmente devido às quedas nos preços da energia elétrica (-10,48%) e do tomate (-39,93%).
INPC tem alta de 0,45% em maio
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que calcula a inflação para famílias de baixa renda e é usado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS, subiu 0,45% em abril, contra 1,04% em março.
No ano, o INPC acumula alta de 4,96% e, nos últimos 12 meses, de 11,90%, abaixo dos 12,47% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Inflação acima da meta pelo 2º ano seguido
A média das expectativas do mercado para a inflação fechada de 2022 está atualmente em 8,89% segundo a última pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central.
Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3,5% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 2% e 5%. O próprio Banco Central já admitiu, entretanto, que a meta de inflação deve superar pelo 2º ano seguido o teto da meta.
Para tentar trazer a inflação de volta para a meta, o Banco Central tem feito um maior aperto monetário. A taxa básica de juros (Selic) está atualmente em 12,75% e o BC sinalizou que caminha para elevar mais os juros.
Para o próximo ano, a meta de inflação foi fixada em 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Para 2023, a projeção atual do mercado é de inflação de 4,39% e taxa de juros em 9,75% no final do ano.