CNN – A comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou nesta quarta-feira (12), por volta das 11h20 (de Brasília), em Xangai, na China.
A viagem durou mais de 30 horas. A saída aconteceu por volta das 7h30, da terça-feira (11), da Base Aérea de Brasília, e o voo teve escalas em Lisboa, em Portugal, e em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
O encontro com o presidente chinês Xi Jinping está marcado para a próxima sexta-feira (14).
Inicialmente, a ida estava programada para 25 de março. Entretanto, foi remarcada para o dia seguinte, após Lula ser diagnosticado com um quadro de pneumonia leve, e posteriormente cancelada após nova recomendação médica.
Há uma grande expectativa sobre a viagem de Lula ao país asiático. A China é o principal parceiro comercial do Brasil: 27% de tudo o que foi exportado pelo país no ano passado teve como destino o mercado da nação oriental.
Parlamentares, ministros e governadores na comitiva
A comitiva de Lula conta com mais parlamentares do Progressistas (PP), partido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do que do próprio Partido dos Trabalhadores (PT), do chefe do Executivo.
São cinco deputados do PP: Neto Carletto (BA); Lula da Fonte (PE); Eduardo da Fonte (PE); Antônio José Albuquerque (CE); e Fausto Pinato (SP). Entre os petistas estão três parlamentares: o deputado Vander Loubet (MS) e os senadores Jaques Wagner (BA) e Augusta Brito (CE).
O PP, que integra o chamado Centrão, compunha a base de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, inclusive, fez parte da coligação que apoiou a candidatura dele à reeleição no ano passado.
Lira anunciou há poucos dias que não iria integrar a comitiva. Ele passou por uma cirurgia para a correção de hérnia umbilical no último sábado (8). Segundo o boletim médico, a recomendação é para que o presidente da Câmara fique de repouso por dez dias.
No entanto, mesmo antes do procedimento, Lira sinalizava que não deveria compor a comitiva, uma vez que a semana deve ser movimentada no Congresso Nacional, especialmente com a instalação prevista de ao menos quatro comissões mistas para as análises das primeiras medidas provisórias (MPs) editadas por Lula.
O presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) está na comitiva para a China. Outros senadores que estão no grupo são: Eliziane Gama (PSD-MA); Irajá (PSD-TO); Jussara Lima (PSD-PI); Augusta Brito (PT-CE); e Confúcio Moura (MDB-RO).
A lista de participantes inclui cinco governadores: Helder Barbalho (MDB), do Pará; Carlos Brandão (PSB), do Maranhão; Elmano Freitas (PT), do Ceará; Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte; e Jerônimo Rodrigues (PT), da Bahia.
Sete ministros acompanham a comitiva: Fernando Haddad (Fazenda); Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima); Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária); Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação); Mauro Vieira (Relações Exteriores); Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário); Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome).
Veja a lista completa da comitiva:
Governadores:
- Helder Barbalho (MDB) – Pará
- Carlos Brandão (PSB) – Maranhão
- Elmano Freitas (PT) – Ceará
- Fátima Bezerra (PT) – Rio Grande do Norte
- Jerônimo Rodrigues (PT) – Bahia
Ministros:
- Fernando Haddad (Fazenda)
- Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima)
- Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária)
- Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação)
- Mauro Vieira (Relações Exteriores)
- Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário)
- Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome)
Senadores:
- Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
- Jaques Wagner (PT-BA)
- Eliziane Gama (PSD-MA)
- Confúcio Moura (MDB-RO)
- Augusta Brito (PT-CE)
- Irajá (PSD-TO)
- Jussara Lima (PSD-PI)
Deputados federais:
- Júlio César (PSD-PI)
- Fábio Macedo (Podemos-MA)
- Luis Tibé (Avante-MG)
- Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
- Fausto Pinato (PP-SP)
- Heitor Schuch (PSB-RS)
- Tabata Amaral (PSB-SP)
- André Janones (Avante-MG)
- Daniel Almeida (PCdoB-BA)
- Maria Arraes (Solidariedade-PE)
- Renildo Calheiros (PCdoB-PE)
- Pedro Campos (PSB-PE)
- Gutemberg Reis (MDB-RJ)
- Vander Loubet (PT-MS)
- Antônio José Albuquerque (PP-CE)
- Bruno Farias (Avante-MG)
- Eduardo da Fonte (PP-PE)
- Iza Arruda (MDB-PE)
- Lula da Fonte (PP-PE)
- Neto Carletto (PP-BA)
Oportunidades econômicas
A viagem gera grande expectativa para a agenda econômica em setores como o agronegócio, infraestrutura e tecnologia.
Com relação ao primeiro, especialistas ressaltam a oportunidade de o país expandir a exportação de carnes para o gigante asiático, com a autorização e abertura de novas plantas de produção que tenham permissão para que seu produto seja enviado e consumido pelos chineses.
Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), desde 2013, a China é o primeiro, dos três principais destinos dos produtos do agronegócio brasileiro. Ano passado, 31,9% da exportação nacional de produtos do setor teve Pequim como destino.
Já na infraestrutura, a China é, também, um dos principais investidores no Brasil. De acordo com o Itamaraty, entre 2007 e 2021, o Brasil foi o quarto principal destino internacional de investimentos chineses (4,8% do total) e o principal na América do Sul (48%).
Tendo em vista o histórico de parceria, a expectativa é de que a viagem possa fortalecer ainda mais a relação entre ambos. Ela é importante para o Brasil, que pode utilizar a parceria para suprir carências no setor de infraestrutura.
Com relação ao setor de tecnologia, no roteiro anterior de Lula estava prevista uma visita a um centro de pesquisa da Huawei e uma parceria no desenvolvimento de tecnologia de monitoramento.
Antes do diagnóstico do presidente, o Itamaraty também afirmou que pretendia assinar pelo menos 20 acordos com os chineses durante a viagem.
Além disso, estava no radar a reativação de um fundo de R$ 20 bilhões que foi criado em 2015, mas estava parado por questões burocráticas. Uma aliança global contra a fome, nos moldes da aliança da China com a África, seria outro ponto focal da viagem.
Geopolítica
No âmbito geopolítico, Lula deve falar com o presidente chinês sobre o seu acordo de paz para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Nesse ponto, fontes ligadas ao Partido Comunista Chinês já haviam dito à CNN que poderia haver uma sinalização diplomática de que ambos os países querem a paz, mas a postura da China sobre a guerra não mudaria substancialmente – ainda mais considerando a recente visita de Xi ao presidente Vladimir Putin.
Na quinta-feira (6), em café com jornalistas, Lula defendeu o fim da guerra que, para ele, “não tem justificativa” para continuar. O presidente sugeriu ainda que a Ucrânia poderia ceder a península da Crimeia à Rússia em troca de um acordo de paz.
A declaração do presidente provocou críticas de autoridades ucranianas, que defenderam a soberania e integridade do país.