Presidente da Câmara afirma que estabilidade política no país passa, necessariamente, pelos partidos de Centro
No seu discurso na Associação Comercial de São Paulo, na última semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), deu outro recado ao governo federal além de sua ineficiência em construir uma base aliada no Congresso. O parlamentar afirmou, sutilmente, que, sem o Centrão, Lula não terá governabilidade em seu mandato.
O governo federal, após três meses no Planalto, ainda não preencheu todos os cargos da administração pública federal. O PT, ao que parece, quer abocanhar todos os cargos de segundo escalão. E isso é um problema. Principalmente para Arthur Lira.
“A salvação da estabilidade política no nosso país é feita a partir da média conciliatória dos partidos de Centro. A Argentina, nossa vizinha, não tem partidos de Centro e vive há anos em crise ininterrupta porque falta o equilíbrio de se dialogar e diminuir a distância dos extremos”, afirmou o presidente da Câmara.
É mais um aviso de Lira para o governo petista de que é preciso “dar para receber”.
O encontro entre Lula e Lira na última quinta (9) foi muito pautado pelo travamento de cargos pelos petistas.
O secretário-geral do partido, Henrique Fontana, aliás, tem a consciência de que Lula precisará do Centrão para poder governar.
“Alargar essa base significa ampliar o nosso seguro democrático”, afirmou o ex-deputado em entrevista à Folha.
Fontana deixa claro até que o passado mais alinhado ao bolsonarismo de Lira e, principalmente, do presidente do PP, Ciro Nogueira, não seria um fator determinando para o fim dos diálogos.
“Se o PP, através dos seus líderes, o presidente Ciro Nogueira e o Arthur Lira [presidente da Câmara], abrir esse diálogo com o governo, não temos que ter preconceito”, disse Henrique.