Estadão | A Marinha está negociando os valores de um novo contrato para a terceira fase do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, o Prosub, que deve definir quanto será pago até 2033 para o término do projeto da construção do primeiro submarino de propulsão nuclear do País. E quer vender submarinos convencionais do programa para seus vizinhos da América do Sul.
As duas primeiras fase do Prosub já consumiram R$ 40 bilhões – valores atualizados –, dos quais R$ 4 bilhões devem ser pagos pelo governo até a entrega, em 2025, do último dos quatro submarinos convencionais da classe Scorpène, produzidos em parceria com a França, em Itaguaí, no Rio. É ali que está sendo construída a base naval que vai abrigar as novas embarcações.
“A terceira fase do programa deve consumir outros bilhões”, afirmou o almirante de esquadra Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar, da Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), cuja sede acaba de ser transferida do Rio para São Paulo, onde foi instalada na Cidade Universitária, no câmpus da Universidade de São Paulo (USP).
A vinda da diretoria para São Paulo faz parte de um plano da Marinha de ampliar as pesquisas em parceria com universidades instaladas no Estado – além da USP, a Unicamp e a Federal de São Carlos –, além de aproveitar a proximidade da Base Industrial da Defesa (BID), principalmente na região do centro tecnológico do Vale do Paraíba.
O submarino será equipado com o primeiro reator atômico projetado e construído no Brasil. O equipamento está sendo montado, do Centro Industrial Nuclear de Aramar (CINA), em Iperó, no interior paulista. Um prédio para abrigar o equipamento – o chamado Bloco 40 – está pronto, e o reator deve começar a funcionar em 2027.
Já o casco da embarcação será construído em Itaguaí, após a entrega do submarino convencional Angustura, em 2025, o último dos quatro de propulsão diesel-elétrica previstos no Prosub. “Neste 15.º ano do Prosub, temos o estaleiro para os submarinos convencionais 100% pronto e a base naval para o futuro submarino convencionalmente armado de propulsão nuclear em construção”, disse o almirante.
De acordo com ele, de 75% a 80% das obras em Itaguaí foram concluídas. “Até o final do ano, o prédio do comando da força submarina e o prédio do comando da base de submarino estarão prontos. São dois prédios fundamentais. E, agora, como estamos chegando ao fim da fase do submarino convencional – o Humaitá está previsto para 2023, o Tonelero em 2024 e o Angustura em 2025 –, em dois anos passa a ser fundamental a negociação e o modelo de contrato para o submarino nuclear”, contou o almirante.
As negociações devem envolver as empresas do Prosub: a Naval Group (França), a Novonor e a Indústria de Construções Navais, que estiveram presentes na construção dos submarinos convencionais e da base naval. “Não é só a construção do submarino nuclear. Há o desenvolvimento tecnológico autóctone nesse projeto, como no caso da planta de produção nuclear. Essa é uma tecnologia que ninguém ensina. Trata-se do primeiro reator brasileiro, com o complexo de manutenção construído em Itaguaí, com diques apropriados e prédio para a troca de combustível propulsor, tudo licenciado pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear)”, disse Petrônio.