Partido da senadora indica que embarcará no governo Lula. Na segunda-feira, a legenda vai designar um integrante para a transição
Derrotada no primeiro turno das eleições, a senadora Simone Tebet (MDB) integrou a rede de apoio ao presidente eleito Lula (PT) no segundo turno e agora quer, junto do seu partido, um espaço de projeção dentro do novo governo. A emedebista tem citado, para correligionários, o Ministério da Cidadania como seu preferido.
Ocupada pelo deputado federal João Roma (PL) durante boa parte do governo Bolsonaro, a pasta da Cidadania é dona de um orçamento bilionário e responsável por gerir importantes programas sociais, como o Auxílio Brasil, antigo Bolsa Família, e o Cadastro Único, que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda.
Pessoas próximas a Tebet dizem que, para embarcar no governo, a emedebista precisa estar em um ministério com grande visibilidade e que dê a ela projeção para os próximos anos. A senadora é tida como um nome competitivo para disputar a Presidência. Por isso mesmo, não está no radar de Tebet ocupar a pasta da Agricultura ou mesmo o Ministério das Mulheres, apesar de ela ter feito uma campanha voltada para o público feminino.
Entre os aliados da senadora, há ainda quem defenda a sua ida para o ministério do Meio Ambiente, que ganhou importância internacional e foi uma das pastas mais sucateadas no governo Bolsonaro. A deputada Marina Silva (Rede) também é cotada para o posto. Mas a ex-ministra pode ser indicada para comandar a Autoridade Climática, instituição que foi uma das propostas apresentadas por Marina a Lula como condicionante para declarar seu apoio. Marina e Tebet têm uma boa relação e fizeram diversas agendas juntas ao lado do petista no segundo turno.
Aliados de Lula afirmam que Tebet só não será ministra se não quiser e que terá liberdade para escolher o posto que deseja ocupar.
MDB no governo
O MDB já sinalizou que irá embarcar no governo Lula. Na próxima segunda-feira, o partido comandado pelo deputado federal Baleia Rossi (SP) indicará um nome para integrar a equipe de transição — será, assim, o primeiro partido de centro para o qual o governo petista abriu suas portas.
Na legenda, já há consenso entre as três principais lideranças: Baleia Rossi, o governador eleito do Pará, Helder Barbalho, e o senador Renan Calheiros (AL). A adesão, no entanto, não será automática. Além de um ministério com projeção para a senadora Simone Tebet, o partido cobra de Lula uma plataforma de governo mais consolidada, com propostas do que o petista pretende fazer em áreas importantes como a economia. Há, ainda, a expectativa de ter mais espaços em ministérios do governo para além de Tebet, que é considerada da cota do presidente eleito.
Os emedebistas entendem que Lula precisa costurar uma aliança com União Brasil e PSD para garantir governabilidade nos próximos anos. Para isso, no entanto, é preciso que os três partidos e o PT estejam alinhados na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Na Câmara, o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, disputará contra Arthur Lira (PP), que tenta uma recondução ao cargo. Bivar tem conversas avançadas com o MDB e tenta trazer ainda o PSD para o seu projeto. Em troca, apoiaria a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD) no Senado.
No MDB, o maior fiador de uma candidatura para derrubar Lira é o senador Renan Calheiros, que fez campanha para Lula no primeiro e segundo turno. Calheiros e Lira são rivais históricos e seus candidatos disputaram o segundo turno da eleição estadual em Alagoas.
Dirigentes do União Brasil não enxergam dificuldades para integrar a base do novo governo petista e apoiar a reeleição de Pacheco, movimento que também encontra amparo no MDB. Bivar espera de Lula apoio para a sua candidatura à presidência da Câmara, mas a equipe do petista também mantém conversas com Lira.