Primeira-dama hesitava em pedir votos, mas prevaleceu insistência do núcleo de campanha por apelo evangélico e feminino
O Globo – A semana que marca a largada da corrida presidencial começou com uma vitória para o núcleo político da campanha de Jair Bolsonaro à reeleição. Após meses de hesitação, a primeira-dama Michelle Bolsonaro foi convencida a participar das inserções de TV para pedir votos para o marido. As gravações começam nesta quarta-feira.
Ainda não foi batido o martelo sobre o teor das falas da Michelle, mas o núcleo duro da campanha não esconde o entusiasmo.
A avaliação dos aliados do presidente que conduzem as estratégias eleitorais é de que a figura de Michelle ajudou o presidente a diminuir a rejeição e melhorar seu desempenho entre mulheres e evangélicos.
Prova disso, afirmam estes interlocutores, seria o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento da campanha em São Bernardo do Campo (SP) para o eleitorado cristão, ao chamar Bolsonaro de “fariseu” e dizer que o presidente está “possuído por demônios”.
O discurso foi uma reação à campanha de desinformação pela qual evangélicos têm disseminado, dizendo que se o petista for eleito, ele irá fechar templos e igrejas. No último dia 7, Michele disse que o Palácio do Planalto estava consagrado aos demônios.
Como mostrou o blog em julho, Michelle resistia à ideia de aparecer nas propagandas eleitorais do PL e de Bolsonaro. Ela chegou, inclusive, a faltar a agendas do presidente com mulheres evangélicas. Integrantes da campanha chegaram a apelar à ex-ministra Damares Alves, de quem a primeira-dama é próxima, para convencê-la a mergulhar na campanha.
Seu discurso surpresa na convenção que lançou o marido como candidato à reeleição, no Rio, foi o primeiro sinal de que Michelle havia mudado de posição. Mas a primeira-dama ainda resistia à ideia de pedir voto diante das câmeras, seguindo o roteiro da equipe do presidente.
Como mostrou a equipe da coluna na última terça-feira, um relatório da consultoria Bites classificou Michelle Bolsonaro como um dos ativos digitais “mais importantes” da campanha de seu marido à reeleição.
A primeira-dama ganhou 160 mil novos seguidores no Instagram nos últimos 30 dias e, agora, soma 3,3 milhões na rede social. No mesmo período, superou a esposa de Lula, Rosângela da Silva, a Janja, no interesse de buscas no Google. Michelle também ficou à frente do petista no número de interações nas redes sociais.