Doença já foi notificada em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Pasta analisa outros 13 ocorrências suspeitas
O Globo – O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira o sexto caso de varíola dos macacos (ou monkeypox) no Brasil. A ocorrência foi registrada no estado de São Paulo. O paciente de 28 anos, que tem histórico de viagem pela Europa, está em isolamento domiciliar.
De acordo com a pasta, o quadro de saúde do paciente é estável e está sendo monitorado pelas secretarias de saúde de Indaiatuba, onde ele vive, e de São Paulo. Após a confirmação do caso por meio de exame RT-PCR, as autoridades sanitárias isolaram o paciente e rastrearam as pessoas com as quais ele teve contato.
Além deste caso mais recente, há outros três pacientes confirmados em São Paulo, um no Rio Grande do Sul e um no Rio de Janeiro. O ministério analisa outros 13 casos suspeitos da doença. Até o momento, todos os casos confirmados foram importados. Minas Gerais descartou na última quarta-feira uma morte pela doença no estado.
Na avaliação de especialistas, ainda é cedo para traçar um panorama da varíola dos macacos para as próximas semanas no Brasil. O cenário epidemiológico dependerá, sobretudo, das medidas de contenção adotadas pelas autoridades sanitárias.
— Vai depender muito de quão eficiente for o sistema de diagnóstico e detecção da doença. Caso o vírus seja detectado cedo, a transmissão pode ser limitada pelo isolamento de pacientes positivos. É um vírus que não se dissemina tão rapidamente, então, em teoria, o controle pode ser facilitado (com identificação de pacientes e rastreamento de casos) — explica Diego Diel, professor de virologia da Cornell University.
“O Ministério da Saúde informa o registro de novo caso importado de monkeypox notificado pelo estado de São Paulo ao CIEVS Nacional. O caso foi confirmado laboratorialmente por RT-PCR no dia 16 de junho pelo Instituto Adolf Lutz. Trata-se de um paciente residente no município de Indaiatuba, 28 anos, com histórico de viagem para a Europa. O paciente está em isolamento domiciliar e apresenta quadro clínico estável, sem complicações e sendo monitorado pelas Secretarias de Saúde do Estado e Município”, diz a nota da pasta.
— Ainda é um momento de certa tranquilidade, porque são casos importados. Não tem histórico de transmissão comunitária como outros países registram. Assim, é muito mais fácil de os órgãos competentes atuarem para bloquear os contatos e fazer o rastreio adequado — explica a professora de microbiologia e de virologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Giliane Trindade. — Se passarmos a registrar transmissão sustentada, a coisa muda de figura.
Nesse sentido, o alerta é para intensificar o monitoramento e a vigilância da doença:
— Estamos falando de um vírus que pode ter um período de incubação maior no organismo e não devemos subestimar seu potencial de transmissão no país. Por isso, é importante criar estratégias e orientar a população sobre a presença desse agente infeccioso — pontua a biomédica e professora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Mellanie Fontes-Dutra.
A doença é transmitida por um vírus e causa, entre outros sintomas, febre, dores musculares, cansaço, linfonodos inchados e lesões na pele. Essas feridas, em geral, começam a aparecer no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo. Em geral, os pacientes apresentam sintomas leves e casos graves são raros.
A orientação para prevenir a doença é higienização das mãos e uso de máscaras. A vacina contra varíola, que não está disponível no Brasil, também é um dos principais instrumentos para prevenção da enfermidade. Dos medicamentos existentes para tratar a doença, nenhum tem aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser usado no Brasil. Segundo a autarquia federal, o registro mais recente de medicamento expirou em 2010.
Mais de 20 países em todos os continentes já relataram casos da varíola dos macacos. A doença é endêmica em florestas da África Central e Ocidental, sendo transmitida majoritariamente de animais para humanos, mas também por contato interpessoal.
No final de maio, o Ministério da Saúde criou uma sala de situação para monitorar a expansão de casos da doença. A pasta avalia ainda a compra de vacinas para imunização de profissionais de saúde.