O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes ligou o assassinato do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, 24 anos, morto a pauladas na praia da Barra da Tijuca, à atuação de milícias no estado do Rio de Janeiro. Moïse foi assassinado no dia 24 de janeiro. Aleson Fonseca, 27, Brendon da Silva, 21, e Fábio Pirineus da Silva, 41, foram presos na terça-feira (1º).
“O caso Moïse traça suas raízes no poder do Estado paralelo e na invisibilidade do controle armado”, escreveu Mendes em sua conta no Twitter. Na postagem, o ministro incluiu link para o artigo do jornalista e colunista da Folha de S.Paulo Elio Gaspari sobre a administração de quiosques no Rio.
Na visão de Gilmar Mendes, a “ocupação irregular de áreas estratégicas por grupos de milícias está por trás da crise da segurança pública”.
O ministro pontuou que é necessário que o poder público atue contra os grupos milicianos, no que citou nominalmente o Ministério Público do Rio de Janeiro e o Ministério Público Federal.
O texto em que o ministro se baseou, intitulado “Morte de Moïse joga luz sobre o ambiente em torno de quiosques no Rio”, foi publicado no sábado (5). Nele, Elio Gaspari cita que a polícia demorou para entrar no caso, além de abordar a intimidação sofrida pela família do congolês após denunciar o caso. Gaspari também ressaltou a informação de que um dos quiosques próximos ao ponto da morte de Moïse era administrado irregularmente por um policial militar.
As imagens do quiosque Tropicália mostram Moïse discutindo com um funcionário do local. O congolês, em determinado momento, abre um freezer, o que aumenta a confusão.
De acordo com esse funcionário, Moïse estava bêbado e queria pegar cerveja de graça, o que originou a discussão entre os dois. A mesma versão foi dada por Aleson Fonseca, um dos suspeitos do crime.
Os três suspeitos trabalham em quiosques e barracas da praia da Barra da Tijuca. Eles afirmaram que foram proteger o funcionário do Tropicália. Familiares do congolês disseram à imprensa que ele foi cobrar uma dívida no quiosque. Contudo, esse tema não é mencionado em nenhum depoimento dado à polícia.