A operação terminou ainda na quinta, com patrulhamento reforçado ao longo da noite. Por volta das 9h, a PM informou que equipes tinham sido atacadas.
G1 – Uma moradora morreu baleada na manhã desta sexta-feira (22) no Complexo do Alemão. Segundo testemunhas, Solange Mendes, de 49 anos, foi atingida por um policial na localidade da Caixa D’Água, mas a PM nega. Com a morte de Solange, já são 19 mortes no conjunto de favelas desde as primeiras horas de quinta-feira (21) — quando forças de elite das polícias Civil e Militar iniciaram uma operação contra roubos.
Vizinhos disseram que Solange morava no Beco do Borges, no Largo da Vivi, e tinha uma pensão.
A PM afirmou que a base da UPP de Nova Brasília foi atacada por criminosos e negou revide. “Não houve confronto envolvendo os policiais militares que estavam no local”, disse, em nota.
“Após cessar o ataque criminoso, uma mulher foi encontrada ferida e foi socorrida pelos policiais militares para o Hospital Estadual Getúlio Vargas.”
A polícia afirma que 16 dos mortos eram suspeitos. Também morreram o cabo da PM Bruno de Paula Costa e a moradora Letícia Marinho.
PMs tamparam o rosto da moradora
Moradores contestam a versão da PM.
“Quando ela chegou aqui na esquina, começaram os tiros. Eu olho novamente e está ela caída”, narrou uma vizinha.
“Eles [PMs] tamparam o rosto dela, enrolaram o rosto dela com uma roupa deles mesmos para nem saber quem é. Um dos policiais ainda gritou que era moradora, mas como grita que é moradora e não mostra quem é?”, emendou.
A ação conjunta do Bope e da Core terminou ainda na quinta, quando estavam confirmadas 18 mortes — a quarta mais letal da história do RJ. O patrulhamento seguiu reforçado nos acessos ao Alemão, e as bases das UPPs no complexo ficaram de prontidão ao longo da noite.
A sexta-feira, contudo, amanheceu tensa, com poucos moradores e veículos circulando e relatos de tiroteios em diferentes pontos.
Munição exaurida em 2 horas
Em entrevista ao Bom Dia Rio desta sexta-feira (21), o porta-voz da PM, tenente-coronel Ivan Blaz, disse que a operação exauriu em apenas duas horas toda a munição do Bope.
“Por volta das 7h30, a munição do Bope já havia sido totalmente consumida, dada a intensidade do confronto armado”, destacou Blaz.
Segundo o tenente-coronel, nessas duas horas a PM disparou mais balas que na operação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, em novembro — quando as equipes ficaram uma noite inteira em combate.
“Eu estou falando de uma ordem de grandeza de centenas de fuzis. Não estou contando o contingente humano, estou falando só o número de fuzis”, disse Blaz.
“Você vê ali equipamentos táticos, barricadas medievais colocadas com espeto, com solda”, enumerou.