Moradores de comunidades situadas nas proximidades do bairro Mutange, em Maceió, vivem um drama causado pelo colapso de uma mina da Braskem que resultou no afundamento do solo em áreas vizinhas. Apesar de não terem sido considerados em risco pela Defesa Civil de Maceió, essas comunidades enfrentam um isolamento socioeconômico crescente devido ao esvaziamento de bairros vizinhos afetados.
O Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação da Braskem, criado para mitigar os impactos do desastre, não incluiu essas comunidades, pois, segundo a Defesa Civil, não há risco de afundamento nesses locais. Contudo, os moradores enfrentam dificuldades decorrentes do esvaziamento de bairros próximos, incluindo perda de comércio, fechamento de equipamentos públicos como postos de saúde e escolas, além de questões de segurança e infraestrutura nas residências.
Abilene Lourenço, moradora do Flexal de Cima em Bebedouro, expressa a frustração: “Como a 300 metros nós não estamos em risco? A minha casa está com rachaduras. Nós estamos nas bordas das minas e eles dizem que nós não estamos em perigo.” Outros moradores relatam a dificuldade de acesso a serviços básicos, como atendimento médico, devido à desocupação dos bairros circundantes.
Após o rompimento da mina, a área ficou sem monitoramento preciso, pois o equipamento responsável foi levado pela água durante o colapso. A Braskem iniciou recentemente a instalação de um novo sensor na área, após autorização dos órgãos competentes, embora ainda esteja em fase de teste, sem previsão para entrar em funcionamento.
Esforços de mobilização e reivindicações dos moradores
Os moradores, sentindo-se abandonados, reivindicam realocação e inclusão no Programa de Compensação Financeira da Braskem. Mesmo estando a cerca de 300 metros de áreas consideradas de risco, eles argumentam que as consequências do desastre afetam diretamente suas vidas.
A criação da “Carta de Alagoas” surge como uma iniciativa para cobrar medidas que minimizem os danos causados pela Braskem. Mais de 14 mil imóveis já foram evacuados em cinco bairros, e pesquisadores continuam avaliando os impactos ambientais decorrentes do colapso.
A Prefeitura de Maceió comprometeu-se a apoiar a Ação Civil Pública da Defensoria Pública do Estado em favor da realocação dos moradores não incluídos nos acordos anteriores. A Braskem, por sua vez, defende suas ações diligentes desde 2019 e mantém o diálogo com as comunidades afetadas.
A Defensoria Pública Estadual, desde 2020, busca a realocação e indenização para as comunidades isoladas, enquanto líderes comunitários, como Valdemir Alves, clamam pela inclusão no Plano de Compensação Financeira para garantir uma indenização justa e permitir que cada morador decida seu destino.
A situação permanece tensa enquanto as comunidades aguardam por soluções efetivas e esperam superar o isolamento socioeconômico gerado pelo colapso da mina da Braskem em Maceió.