Funcionários do Banco Central, INSS e Ministério do Trabalho iniciaram paralisações. Policiais Federais também estão descontentes
Na manhã desta quarta (4), o vice-presidente Hamilton Mourão falou que os funcionários públicos que estão se mobilizando em estado de greve tenham “paciência”. A mobilização é por reajustes salariais. Segundo Mourão, o Brasil ainda se recupera do baque econômico da pandemia.
“Não tem dinheiro, né? É uma realidade. Nós, que somos funcionários públicos, temos que entender que o aumento salarial só pode ocorrer se tiver aumento da nossa arrecadação [e que seja] consistente com o aumento do PIB”, disse o vice-presidente.
Segundo Mourão, a pandemia da Covid-19 trouxe problemas para todo o mundo e é por isso que o país passa por esse momento conturbado na economia.
“Nós estamos saindo de dois anos difíceis, com uma pandemia e com problemas sérios no mundo, como um todo, [além dos] reflexos do conflito lá no Leste Europeu. Então, as pessoas têm que entender – nós, funcionários públicos – que não perdemos o emprego. Muita gente perdeu o emprego. Então, não está bom o salário? Não está, mas vamos esperar a oportunidade pra que isso possa ser equalizado”, assinalou.
Protagonistas no embate de reajustes salariais, as categorias policiais não foram descartadas por Mourão. Para o vice, todos os servidores precisam ter paciência.
“O presidente tomou uma ideia inicial que ele recua, né? Então, hoje, qual é a decisão que ainda não está efetivamente oficializada? Um aumento linear para todo mundo de 5%. Ah, é o necessário? Não, não é o necessário, mas é o possível”, argumentou.
Segundo Mourão, ele acha normal as pressões por garantias salariais, mesmo porque elas não saem de pauta. “Nunca ninguém está satisfeito com seu salário. É uma realidade, né? Todo mundo quer ganhar um pouquinho mais, né? Todos nós queremos isso. Aquela história, o patrão ele paga quando ele aumenta lá o rendimento dele. Essa é a realidade”, completou o militar.
Greve e insatisfação
Depois de assembleia na última sexta-feira (29/4), os servidores do Banco Central retomaram a greve por tempo indeterminado. Os funcionários, que já ficaram 19 dias parados em abril, se unem aos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Ministério do Trabalho e Previdência (MTP), que também cruzaram os braços em busca de reajuste salarial.
As mobilizações do funcionalismo público ganharam força depois dos contundentes acenos do presidente Jair Bolsonaro (PL) às carreiras policiais. A pressão deu resultado, e o governo recuou, anunciando reajuste linear de 5% para todas as categorias da União.
O valor, no entanto, é considerado inadequado pelos servidores. A porcentagem mínima, para repor as perdas salariais sofridas, segundo eles, desde o início da atual gestão do Palácio do Planalto, seria de 19,99%, chamado de “reajuste salarial emergencial”.
Na manhã desta quarta-feira (4/5), a categoria que estaria sendo priorizada por Bolsonaro, os Policiais Federais, também resolveu cruzar os braços. Em assembleia, a Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) decidiu realizae paralisações parciais e progressivas.