Cynthia Giglioli da Silva Camacho é empresária, vive em São Paulo, está casada com o chefe da organização criminosa há 15 anos, e tem 3 filhos com ele
O Globo – Cynthia Giglioli da Silva Camacho, que é casada há 15 anos com Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, teve um episódio revelado pelo Fantástico, neste domingo, quando ladrões devolveram o aparelho celular e o dinheiro roubados ao reconhecer a primeira-dama do chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que age dentro e fora dos presídios.
A empresária contou, durante uma visita ao presídio em novembro do ano passado, na Penitenciária Federal de Brasília, que foi assaltada em uma via expressa, em São Paulo, mas que os criminosos devolveram o aparelho celular e o dinheiro roubado via Pix no seu estabelecimento comercial.
Cynthia mora em um imóvel de alto padrão, localizado no condomínio Alphaville Granja Viana, na Grande São Paulo, que na época foi comprado por R$ 1,1 milhão. Ela também possui um salão Divas Hair Estética e Depilação, no bairro Casa Verde, também na capital paulista. O estabelecimento está registrado como “varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal, atividade estética e serviços de beleza, cabeleireiros e pedicure”, e foi alvo de operação do Ministério Público, em fevereiro deste ano, como local para a lavagem de bens e valores oriundos da organização criminosa.
Segundo o Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o faturamento mensal da empresa de Cynthia é de aproximadamente R$ 16 mil, conforme relatório de inteligência financeira apresentado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Já o faturamento anual, de cerca de R$ 150 mil. O documento ressalta que fica “clara a incompatibilidade entre os valores recebidos a título de depósitos em espécie com a movimentação financeira do estabelecimento”, de R$ 479.756,37.
O casamento de Cynthia e Marcola ocorreu em 2007, após sete anos de namoro. O casal tem três filhos. A cerimônia foi realizada dentro da Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo. Na época, Cynthia, que era estudante de Direito, ficou separada de Marcola pelo vidro do parlatório.
Antes de se casar com Cynthia, Marcola havia ficado viúvo em 2003, quando Ana Maria Olivatto Camacho foi assassinada na disputa pelo comando da facção.
Entre 2017 e 2019, ela teria feito viagens para a Europa, Colômbia, Peru, Paraguai e Panamá.
Alvo de investigações
Na última quarta-feira, a Polícia Federal realizou buscas na residência de Cynthia Giglioli da Silva, em Alphaville, na Grande São Paulo. Cynthia foi um dos alvos de uma operação da PF contra grupo suspeito de planejar a fuga de chefes de uma organização criminosa presos nas Penitenciárias Federais de Brasília e de Porto Velho, em Rondônia. A casa da irmã de Cynthia também foi alvo de mandados de buscas.
Em 2020, Cynthia foi alvo de uma operação da PF por suspeita de lavagem de dinheiro, em uma investigação sobre o patrimônio de familiares de Marcola. Na ocasião, a PF realizou buscas no salão de beleza dela.
Em 2008, ela chegou a ser condenada pela Justiça de SP pela acusação de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Em 2005, Cynthia foi presa suspeita de receber uma mesada de R$ 15 mil do caixa da facção. No total, ela teria recebido R$ 90 mil.
Condenado a mais de 330 anos de prisão, Marcola é acusado pelo Ministério Público de São Paulo de ser o “líder máximo” da facção criminosa.